Autor-criador e autor-modelo: possíveis (des)aproximações entre Mikhail Bakhtin e Umberto Eco

Autores

Palavras-chave:

Autor, Leitor, Mikhail Bakhtin, Umberto Eco

Resumo

A morte do autor foi um ensaio publicado em 1967 por Roland Barthes. Dois anos depois, Michel Foucault pronunciou em uma conferência que o autor não tinha morrido: estava apenas em um incessante processo de desaparecimento. Todavia, para Mikhail Bakhtin e Umberto Eco, o autor sempre esteve e estará vivo no texto. Sobre esse aspecto, o teórico russo e o escritor italiano tinham visões semelhantes quando procuravam compreender a essência do autor a que Barthes se referia. Nas suas principais características, Mikhail Bakhtin concebera o autor-criador; já Umberto Eco elaborara o autor-modelo. Frente a essas possibilidades, o objetivo deste artigo foi examinar as diferenças e as semelhanças entre esses dois conceitos: autor-criador e autor-modelo. Ao compará-los, constatamos que são duas figuras ativas, que exercem suas forças criadoras e estratégicas no texto. Este, por sua vez, funciona como relevante fator de aproximação entre o autor-modelo e o autor-criador.

Biografia do Autor

Suelio Geraldo Pereira, PUC Minas

Mestrando em Literaturas de Língua Portuguesa na PUC Minas com bolsa CAPES nível 2. Especialista em Pós em Docência pelo IFMG-Arcos. Articulista no Jornal Pensar a Educação em Pauta. Membro do grupo de estudos Bakhtin, Dostoiévski e Saramago, coordenado pela Prof.ª Dr. Vera Lopes (PUC Minas), e participante do grupo de pesquisa África e Brasil, organizado pela Prof.ª Dr. Terezinha Taborda Moreira (PUC Minas).

Referências

ASSIS, Machado de. A mão e a luva. São Paulo: W. M. Jackson Editores, 1962.

BAKHTIN, Mikhail. O autor e a personagem. In: BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Introdução e tradução do russo Paulo Bezerra. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011. p. 3-20.

BAKHTIN, Mikhail. A forma espacial da personagem. In: BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Introdução e tradução do russo Paulo Bezerra. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011. p. 21-90.

BAKHTIN, Mikhail. Metodologia das ciências humanas. In: BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Introdução e tradução do russo Paulo Bezerra. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011. p. 393-410.

BAKHTIN, Mikhail. O texto na linguística, na filologia e em outras ciências humanas: um experimento de análise filosófica. In: BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. Organização, tradução, posfácio e notas de Paulo Bezerra. São Paulo: Editora 34, 2016. p. 71-107.

BAKHTIN, Mikhail. Fragmentos dos anos 1970-1971. In: BAKHTIN, Mikhail. Notas sobre literatura cultura e ciências humanas. Organização, tradução, posfácio e notas de Paulo Bezerra, São Paulo: Editora 34, 2017. p. 21-56.

BAKHTIN, Mikhail. Por uma metodologia das ciências humanas. In: BAKHTIN, Mikhail. Notas sobre literatura cultura e ciências humanas. Organização, tradução, posfácio e notas de Paulo Bezerra, São Paulo: Editora 34, 2017. p. 57-79.

BAKHTIN, Mikhail. Problemas da poética de Dostoiévski. Tradução direta do russo, notas e prefácio de Paulo Bezerra. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2018.

BAKHTIN, Mikhail. O problema do autor. In: BAKHTIN, Mikhail. O autor e a personagem na atividade estética. Tradução, posfácio e notas de Paulo Bezerra. São Paulo: Editora 34, 2023. p. 261-284.

BAKHTIN, Mikhail. A relação entre o autor e a personagem. In: BAKHTIN, Mikhail. O autor e a personagem na atividade estética. Tradução, posfácio e notas de Paulo Bezerra. São Paulo: Editora 34, 2023. p. 45-65.

BARTHES, Roland. A morte do autor. In: BARTHES, Roland. O rumor da língua. Tradução Mario Laranjeira. São Paulo: Martins Fontes, 2004. p. 57-64.

BEZERRA, Paulo. Bakhtin: remate final. In: BAKHTIN, Mikhail. Notas sobre literatura cultura e ciências humanas. Organização, tradução, posfácio e notas de Paulo Bezerra, São Paulo: Editora 34, 2017. p. 81-96.

BEZERRA, Paulo. Um romance de tons proféticos. In: DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Os demônios. Tradução, posfácio e notas de Paulo Bezerra. São Paulo: Editora 34, 2018. p. 689-699.

BEZERRA, Paulo. O fechamento de um grande ciclo teórico. In: BAKHTIN, Mikhail. Teoria do romance III: o romance como gênero literário. Organização, tradução, posfácio e notas de Paulo Bezerra. São Paulo: Editora 34, 2019. p. 113-133.

BEZERRA, Paulo. O autor e a personagem na atividade estética: uma obra seminal. In: BAKHTIN, Mikhail. O autor e a personagem na atividade estética. Tradução, posfácio e notas de Paulo Bezerra. São Paulo: Editora 34, 2023. p. 286-305.

DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Memórias do subsolo. Tradução, prefácio e notas de Boris Schnaiderman. São Paulo: Editora 34, 2009.

DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Duas narrativas fantásticas: A dócil e O sonho de um homem ridículo. Tradução, posfácio e notas de Vadim Nikitin. São Paulo: Editora 34, 2017.

DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Os demônios. Tradução, posfácio e notas de Paulo Bezerra. São Paulo: Editora 34, 2018.

ECO, Umberto. Seis passeios pelos bosques da ficção. Tradução Hildegard Feist. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

ECO, Umberto. Lector in fabula. Tradução Attílio Cancian. São Paulo: Perspectiva, 2004.

ECO, Umberto. Os limites da interpretação. Tradução Pérola de Carvalho. São Paulo: Perspectiva, 2015.

FOGAL, Alex Alves. O narrador de Machado de Assis e a desconstrução do romance romântico em A mão e a luva. In: ReVeLe, n.3, Agosto, 2011. Disponível em http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/revele/article/view/3916. Acesso em 07 de julho, 2024.

FOUCAULT. Michel. O que é um Autor? In: FOUCAULT, Michel. Estética: literatura e pintura, música e cinema. Organização e seleção de textos: Manoel Barros da Motta. Tradução Inês Autran Dourado Barbosa, 2. ed., Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2009, p. 264-298.

LISPECTOR, Clarice. Uma história de tanto amor. In: LISPECTOR, Clarice. Felicidade clandestina. 1. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p. 140-143.

MUSASHI, Miyamoto. O livro dos cinco anéis. Tradução do japonês por José Yamashiro. São Paulo: Novo Século Editora, 2015.

SANTOS, Gerson Tenório dos. O leitor-modelo de Umberto Eco e o debate sobre os limites da interpretação. In: Kalíope, São Paulo, v. 3, n. 6, p. 94-111, jul./dez., 2007. Disponível em https://revistas.pucsp.br/index.php/kaliope/article/view/3744. Acesso em 18 de julho, 2024.

VUONG, Ocean. Sobre a terra somos belos por um instante. Tradução Rogerio W. Galindo. Rio de Janeiro: Rocco, 2020.

Publicado

2024-10-21

Edição

Seção

Artigos