Acontecimento e singularidade: As mulheres de Tijucopapo, o romance histórico contemporâneo da diáspora negra
Palavras-chave:
Romance histórico, Diáspora e literatura negra, Tempo curvo, Anacronismo, Acontecimento e singularidadeResumo
Meu objetivo é analisar o romance As mulheres de Tijucopapo, de Marilene Felinto, publicado originalmente em 1982, tomando-o como marco do romance histórico contemporâneo negro no Brasil. Narrado desde dentro da diáspora, diáspora endógena e a contrapelo, de São Paulo para o Tijuco, numa referência implícita à batalha de Tijucopapo ocorrida em Pernambuco em 24 de abril de 1646, a vocalidade da narradora, Rísia, é uma fragmentária exposição crítica sobre as identidades que criam “fronteiras de exclusão” (Hall), construindo uma concepção de tempo em devir que faculta aberturas a novos territórios existenciais e problematiza as bases do próprio romance histórico “clássico”, eurocêntrico e historicista. Para lê-lo, uso os conceitos de “tempo curvo” e “espiralar” de Leda Maria Martins e de “anacronismo” de Georges Didi-Huberman, articulando-os aos de “acontecimento” e “singularidade” de Gilles Deleuze.
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