Mulheres quilombolas contemporâneas: a matrigestão e a ancestralidade em uma comunidade quilombola da região sul do Brasil
Palavras-chave:
Ancestralidade, Mulheres Quilombolas, Matrigestão, ResistênciaResumo
Este artigo nasce do acompanhamento das narrativas das experiências de mulheres negras quilombolas de uma comunidade remanescente de quilombos do sul do Rio Grande do Sul. O objetivo deste estudo é reconhecer a trajetória das mulheres quilombolas da comunidade São Manoel/Dona Geraldina, mostrando como a força dessas mulheres possibilitou que seus filhos/as e netos/as tivessem outras oportunidades de vida. A produção de dados contou com a realização de entrevistas narrativas e rodas de conversas com as mulheres da comunidade, sendo que as análises e discussões estiveram ancoradas nas teorias do Mulherismo Africano e Matrigestão. Como um dos desdobramentos desse estudo surge a psicoQUILOMBOlogia, um modo de fazer saúde partindo dos saberes e conhecimentos africanos e quilombolas, construído por um grupo de estudantes quilombolas no curso de Psicologia. Destacam-se os caminhos que a psicologia ainda tem a percorrer ao se deparar com (re)existências negro-quilombolas, principalmente no reconhecimento de suas contribuições para formação em psicologia e a formação de identidades das mulheres negras e quilombolas.
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