A denúncia dos aparelhos ideológicos coloniais através dos enunciados afrofuturistas em O último ancestral, de Ale Santos
Palavras-chave:
Afrofuturismo, Aparelhos ideológicos, Análise do discurso, Psicanálise lacaniana, Arte afrodiaspóricaResumo
Este artigo estuda como os enunciados afrofuturistas presentes na obra O último ancestral, de Ale Santos, denunciam os aparelhos ideológicos coloniais presentes em nossa contemporaneidade. O afrofuturismo é visto como um espaço de resistência, especulação e reinvenção, permitindo a sujeitos afrodiaspóricos reivindicar sua humanidade e projetar futuros alternativos inclusivos. Selecionamos como arcabouço teórico-metodológico a Análise do Discurso, de tendência francesa, para examinar a memória discursiva e os aparelhos ideológicos coloniais. Ainda, a psicanálise lacaniana, que nos ajuda a entender a ressignificação do Real, a partir de alternativas do Simbólico e do Imaginário direcionadas pelos enunciados afrofuturistas. Por fim, os estudos de Deleuze e Guattari que contribuem para a análise do papel do coenunciador na negociação dos efeitos de sentidos, enfatizando a importância dos agenciamentos enunciativos e das linhas de fuga. Este estudo evidencia a capacidade do afrofuturismo de questionar narrativas dominantes e fomentar identidades e existências que transcendem o colonialismo.
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