Ivo A. Ibri
Centro de Estudos do Pragmatismo
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Palavras-chave:
Peirce, Filosofia da arte, Semiótica, Metafísica
Resumo
É de conhecimento dos estudiosos da filosofia de Peirce que ele não deixou, em meio a sua enorme obra, algo como uma filosofia da arte. Malgrado este fato, defendo que a filosofia de Peirce é composta de um sistema de ideias com base no qual é possível conceber uma estrutura conceitual que irá constituir uma reflexão bastante original sobre arte. Esta originalidade advém, creio, das principais diretrizes metafísicas de seu pensamento, a saber, seu realismo-idealismo, cuja síntese pode ser considerada sua teoria da continuidade ou sinequismo. A Semiótica, embora uma ciência normativa necessite se basear em um diálogo entre as formas dos signos e dos objetos, como um modo de harmonização com a hipótese central do sinequismo. A Semiótica, portanto, não pode ser confinada ao universo dos signos em sua tarefa normativa. Esta dialogia entre signo e objeto inibirá um entendimento nominalista daquela tarefa. A generalidade da Semiótica não surge de qualquer hipótese de transcendentalidade, em que poderia ela ser fonte para uma fundação linguística do mundo. Estas considerações têm importância capital para a fundação de uma filosofia da arte inspirada na filosofia de Peirce, pois ela não poderia ser uma análise reducionista da linguagem da arte ou uma mera apologia de nossa humana criatividade apenas. Por conseguinte, este ensaio irá desenvolver as diretrizes básicas que poderiam ser, suponho uma filosofia peirciana da arte, com base nas sementes que Peirce deixou para uma reflexão sobre o tema.