Pragmatismo e humanismo: Bergson, leitor de William James

Autores

  • Franklin Leopoldo e Silva

Resumo

Os adeptos do método estruturalista em História da Filosofia costumavam dizer que os filósofos não são bons historiadores pela simples razão de que, possuindo um pensamento original, não poderiam ler e compreender outros autores sem neles projetar as próprias idéias. Dessa forma, aceitando ou negando outras filosofias, o que o filósofo realmente faz é algo como a experiência de seu próprio pensamento em outro, mais do que uma análise objetiva da doutrina a que se está referindo, quase como se as idéias de outros servissem apenas de pretexto ou referência para a articulação das próprias concepções. Essa observação poderia a princípio servir como um parâmetro moderador da admiração entusiasmada que Bergson teve por William James. Com efeito, se o papel de Bergson em sua época foi o de reinstaurar na filosofia francesa a possibilidade da metafísica, de direito ou de fato negada pelo positivismo e pelos epistemólogos neokantianos, como poderia ele aceitar a declarada simpatia de James pelo positivismo e pelo utilitarismo? Como admitir a compatibilidade entre uma filosofia que concebe o tempo como Absoluto e a intuição como o contato com uma totalidade inefável e uma teoria do conhecimento que vincula a verdade à evolução da prática humana na sua relação com as coisas? E, no entanto, não apenas são eloqüentes as manifestações de Bergson quanto ao acerto filosófico do pragmatismo de James, mas também são talvez ainda mais significativas as aproximações que ele faz transparecer entre seu próprio pensamento e o do filósofo norte-americano quando expõe as idéias deste último. Somente um estudo comparativo aprofundado poderia estabelecer de forma rigorosa as diferenças e as semelhanças. Aqui nos contentaremos apenas com uma visão resumida e preliminar da compreensão bergsoniana da filosofia de W. James, tentando para isso focalizar alguns pontos em que as afinidades parecem se impor, sobretudo a partir da leitura interpretativa que Bergson faz das obras de James.

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Artigos Cognitio