Este artigo explora um grupo de concepções-chave implicadas na interpretação da comunicação feita por Charles S. Peirce, com base na hipótese de que sua semiótica pode ser abordada com benefícios de um ponto de vista retórico ou comunicativo. Partindo da afirmação de Peirce de que a filosofia não deve começar com idéias abstratas, mas, antes, com a complexa, mas familiar circunstância semiótica do diálogo ordinário, a noção de fundamento comum é explicada primeiro em termos de experiência e conhecimento compartilhado por inteligências envolvidas na comunicação. O aspecto empírico da comunicação é então explicitado por meio da discussão da afirmação peirciana de que o objeto do signo é apreendido por experiências colaterais ou por observação, que podem ser indicadas, em vez de por meio de uma descrição ou outros meios estritamente semióticos. Além disso, é mostrado que o fundamento comum, embora seja um pré-requisito para a comunicação dentro do quadro referencial peirciano, isso não significa uma exigência de que as experiências sejam idênticas – a verdadeira troca comunicativa e o verdadeiro desenvolvimento exigem divergências empíricas.Na terceira parte do artigo, a reconstrução esboçada é ampliada por um exame de como os objetos são identificados dentro de universos de discurso mais específicos. O principal argumento defendido é o de que isso é possível somente num contexto proposital e que algum grau de propósitos compartilhados é necessário para a interação comunicativa com significado. Finalmente, o papel da indeterminação irredutível na comunicação é examinado em pormenor, com resultado principal de que a vagueza pode ser benéfica ou não para nossas tentativas de nos entendermos uns aos outros e ao mundo; seu valor depende de em qual universo de discurso operamos e para quais propósitos pragmáticos são empreendidos a comunicação e o pensamento.