A demarcação de relações problemáticas entre o ceticismo e o pragmatismo de Peirce, notadas tanto por seus contemporâneos quanto pelos nossos, é ainda mais complicada do que o quão vago permanece o rótulo de ceticismo. A tarefa não parece ser mais simples, num primeiro momento, uma vez que o rótulo se restringe ao seu entendimento nas versões antigas: as diferenças desaparecem à medida que emerge um acordo comum acerca do papel terapêutico da filosofia, do caráter infinitamente inferencial do pensamento e da indubitabilidade das percepções. O paralelismo pode ser traçado até o fim almejado pelos dois caminhos, ambos os quais pretendem assegurar um autocontrole racional. Esse paralelismo realça, então, o ponto em que divergem, já que o cético decide pela suspensão do juízo e o pragmatista escolhe continuar a inquirição com a esperança de crescimento infinito, que ele tem, portanto, de recuperar das dúvidas céticas.