Aceitabilidade epistêmica de condicionais indicativos em Igor Douven

Autores

  • João Lennon da Silva Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
  • Roberto Hofmeister Pich Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Palavras-chave:

Condicionais, Condicionais indicativos, Epistemologia experimental, Probabilidade condicional, Tese de Adams

Resumo

Aceitabilidade designa credibilidade justificada ou racional. No disputado terreno das teorias sobre condicionais, as condições de aceitabilidade dos condicionais são um dos poucos tópicos em que se encontra algum consenso. Falar sobre as condições de aceitabilidade de condicionais é dizer sob quais condições é epistemicamente adequado formar crença em condicionais. Uma das interpretações mais amplamente aceitas pelos filósofos é a de que a aceitabilidade de um condicional se segue de sua probabilidade condicional correspondente. Essa é uma interpretação possível da tese de E. W. Adams, originalmente formulada em relação à assertividade de condicionais. Na literatura filosófica, é comum encontrarmos defensores da correção descritiva da tese de Adams, e isso implica a correção das condições de aceitabilidade que ela traz consigo. Para I. Douven, essa defesa é equivocada e a sua rejeição pode ser sustentada por resultados empíricos. Os resultados de um trabalho experimental conduzido por Douven em parceria com S. Verbrugge indicam que nem a tese original de Adams, nem algumas de suas versões enfraquecidas encontradas na literatura são descritivamente corretas. Isso não significa que a aceitabilidade de condicionais não possa ser formulada em termos probabilísticos, mas que as teses disponíveis precisam de ajustes para que sejam estipuladas melhores condições descritivas de aceitabilidade. Este artigo tem por objetivo revisar teorias epistêmicas de condicionais, sobretudo a tese de Adams, sob a luz dos resultados experimentais obtidos por Douven e Verbrugge. Busca-se, assim, oferecer uma reflexão sobre o papel que abordagens empíricas podem desempenhar na teorização filosófica em apreço.

Biografia do Autor

João Lennon da Silva, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Possui bacharelado em Sistemas de Informação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Atualmente é aluno de mestrado na área de epistemologia analítica sob orientação do professor Roberto H. Pich na PUCRS. Tem amplo interesse em lógica, com seu projeto de dissertação focado na lógica e semântica dos condicionais e no inferencialismo. 

Roberto Hofmeister Pich, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Possui Bacharelado e Licenciatura em Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1996, UFRGS). É Bacharel em Teologia pela Escola Superior de Teologia (1996, EST). Possui Doutorado em Filosofia pela Rheinische Friedrich-Wilhelms-Universität Bonn (2001), Alemanha. Como Bolsista da Alexander von Humbodt-Stiftung, realizou estudos de Pós-Doutorado na Eberhard Karls Universität Tübingen (2005), no Albertus-Magnus-Institut e na Universität Bonn (2007 e 2011). Como Bolsista da Comissão Fulbright, realizou Pós-Doutorado na University of Notre Dame, Indiana USA (2010). Atuamente é Professor Titular da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), onde atua no Programa de Pós-Graduação em Filosofia e no Programa de Pós-Graduação em Teologia. Na área de Filosofia, atua em especial nas ênfases Filosofia na Idade Média, Metafísica, Epistemologia e Filosofia da Religião. Na área de Teologia, atua em especial nas ênfases Teologia Sistemática e História da Igreja. De 2009-2017, foi Bolsista de Produtividade do CNPq, Nível 2; atualmente, é Bolsista de Produtividade do CNPq, Nível 1B. Desde 2011, coordena, com o apoio do Programa Geral de Cooperação Internacional (PGCI) da CAPES o Projeto Scholastica colonialis: A Recepção e o Desenvolvimento da Escolástica Barroca na América Latina, séculos 16-18. É membro da Société Internationale pour lÉtude de la Philosophie Médiévale (SIEPM), de cujo Bureau foi, de 2012/2 a 2017/2, Assessor e do qual, de 2017/2 a 2022/2,, foi Vice-Presidente. Desde 2017, é Pesquisador Fundador do Centro de Estudos Europeus e Alemães (CDEA - DAAD/PUCRS/UFRGS), em Porto Alegre / RS. Em 06 de fevereiro de 2019, recebeu a designação, pelo reitor da Universidade de Bonn / Alemanha (Prof. Dr. Michael Hoch), de "Bonn University Ambassador" (Embaixador da Universidade de Bonn). De janeiro de 2022 a abril de 2024, foi o Presidente do Corpo Diretor do Clube Humboldt do Brasil

Referências

ADAMS, E. W. Probability and the Logic of Conditionals. In: HINTIKKA, J.; SUPPES, P. (eds.). Aspects of Inductive Logic. Amsterdam: North-Holland Publishing, 1966. p. 265–316.

ADAMS, E. W. The Logic of Conditionals: An Application of Probability to Deductive Logic. Dordrecht: D. Reidel Publishing Company, 1975.

BENNETT, Jonathan. A Philosophical Guide to Conditionals. Oxford: Oxford University Press, 2003.

DOUVEN, I. The Epistemology of Indicative Conditionals: Formal and Empirical Approaches. Cambridge: Cambridge University Press, 2015.

DOUVEN, I. Experimental Approaches to the Study of Conditionals. In: SYTSMA, Justin (ed.). A Companion to Experimental Philosophy. Oxford: Blackwell, 2016. p. 545-555.

DOUVEN, I.; VERBRUGGE, S. The Adams Family. Cognition, v. 117, n. 3, p. 302–318, 2010. https://doi.org/10.1016/j.cognition.2010.08.015

EDGINGTON, D. On Conditionals. Mind, Oxford University Press, v. 104, n. 414, p. 235–329, 1995. https://doi.org/10.1093/mind/104.414.235

EGRÉ, P; ROTT, H. The Logic of Conditionals. In: ZALTA, Edward N. (ed.). The Stanford Encyclopedia of Philosophy. Winter 2021 Edition. Disponível em: https://plato.stanford.edu/archives/win2021/entries/logic-conditionals/. Acesso em: 8 jun. 2024.

GÄRDENFORS, P. Belief Revisions and the Ramsey Test for Conditionals. Philosophical Review, Durham: Duke University Press, v. 95, n. 1, p. 81–93, 1986. https://doi.org/10.2307/2185133

KAHNEMAN, D; TVERSKY, A. Judgment under Uncertainty: Heuristics and Biases. Science, v. 185, n. 4157, p. 1124-1131, 1974. Disponível em: https://www2.psych.ubc.ca/~schaller/Psyc590Readings/TverskyKahneman1974.pdf. Acesso em: 25 Out. 2024.

KNEALE, W.; KNEALE, M. The Development of Logic. Oxford: Clarendon Press, 1984.

LEWIS, D. Probabilities of Conditionals and Conditional Probabilities. In: HARPER, W.; STALNAKER, R. (Ed.). Ifs: Conditionals, Belief, Decision, Chance, and Time. Dordrecht: D. Reidel, 1981. p. 129–147.

MCGEE, V. Conditional Probabilities and Compounds of Conditionals. The Philosophical Review, Durham: Duke University Press, v. 90, n. 4, p. 557–581, 1989. https://doi.org/10.2307/2185116

PEIRCE, C. S. Pragmatismo e Pragmaticismo. Coleção Os Pensadores. vol. 43. Trad. Armando Mora D’Oliveira e Sérgio Pomerangblum. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 43–49.

RAMSEY, F. P. General Propositions and Causality. Cambridge: Cambridge University Press, 1990. p. 145–163.

STALNAKER, R. Probability and Conditionals. In: HARPER, W.; STALNAKER, R. (Ed.). Ifs: Conditionals, Belief, Decision, Chance, and Time. Dordrecht: D. Reidel, 1981. p. 107–128.

Downloads

Publicado

2025-05-05

Edição

Seção

Artigos Cognitio-Estudos