Monsenhor Rios: expressão da fé popular e intercorrências na dinâmica comunitária vassourense

Monsenhor Rios: expression of popular faith and interoccurrences in the community dynamics of vassourense

Víviam Lacerda de Souza
Doutora em Comunicação Social. Professora de Marketing do Instituto Federal do Rio de Janeiro. Contato: viviam.souza@ifrj.edu.br

José Antônio da Silva
Mestre em Direito Canônico pela Universidade Gregoriana de Roma (PUG). Contato: janthonius@uol.com.br


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Resumo: Monsenhor Rios vivenciou parte de sua vida sacerdotal no município de Vassouras no século XIX e, hoje, é considerado milagreiro pelos seus devotos. Sua representatividade é absorvida por alguns setores locais com o pleiteio de êxito em projetos. Objetivamos aqui mostrar a representatividade do religioso Antônio Rodrigues de Paiva e Rios (1806-1875), no contexto do município de Vassouras, por meio dos discursos de fé manifestados pelos devotos e identificar os impactos que esta figura sacerdotal gera religiosa, econômica, midiaticamente e nos aspectos turísticos da comunidade em que se insere. A metodologia aplicada na pesquisa permeia os estudos bibliográficos, a história oral, análise de conteúdo dos manuscritos e entrevistas semi-estruturadas. Concluímos que a representatividade do Monsenhor Rios agrega valor ao catálogo de turismo vassourense nos aspectos religiosos, contribui com a geração da renda local e mescla interesses públicos e privados.

Palavras-chave: Monsenhor Rios; Fé; Vassouras-RJ

Abstract: Monsignor Rios lived part of his priestly life in the municipality of Vassouras in the 19th century and is now considered a miracle worker by his devotees. His representation is absorbed by some local sectors with the claim for success in projects. Our objective here is to show the representation of the religious figure Antônio Rodrigues de Paiva e Rios(1806-1875), in the context of the municipality of Vassouras through the discourses of faith expressed by his devotees and to identify the impacts that this priestly figure generates religiously, economically, media-wise and in the tourism aspects of the community in which he is inserted. The methodology applied in the research permeates bibliographic studies, oral history, content analysis of manuscripts and semi-structured interviews. We conclude that the representation of Monsignor Rios adds value to the tourism catalog of Vassouras in religious aspects, contributes to the generation of local income and combines public and private interests.

Keywords: Monsignor Rios; Faith; Vassouras-RJ

Introdução

O mineiro de Congonhas do Campo, Monsenhor Antônio Rodrigues de Paiva e Rios (1806-1875) é uma figura bastante representativa no contexto do município de Vassouras, RJ, pois foi ali que exerceu parte de sua vida sacerdotal, até sua morte no ano de 1875. Vivenciou a época dos barões do café e das posses de escravos. No entanto, desejou em inventário que seu sepultamento fosse sem pompas, com muita simplicidade e que seu corpo fosse enterrado em cova rasa, apenas envolto em tecidos, entre os ricos e os pobres, onde também se incluíam os escravizados.

A partir de então, graças são atribuídas ao Monsenhor Rios por meio de manifestações de ex-voto, compreendidas por Scarano (2004, p.16) como uma demonstração de religiosidade, pois afirma uma relação direta entre o crente e uma Divindade. Ex-voto é a designação erudita onde podem ser enquadrados os milagres e as promessas. As oferendas feitas aos santos de particular devoção ou especialmente indicados por alguém que obteve uma graça ou milagre implorados, como um testemunho público de gratidão. 

Também fatos curiosos, como a aparição de uma flor em seu túmulo, despertam o interesse midiático. E assim, outras relações vêm sendo construídas a partir da representatividade do religioso.

De acordo com Ignácio Raposo (1978, p.150), 

o povo consagrou à memória do Monsenhor Rios uma lenda interessante: nasceu-lhe sobre a sepultura uma planta que desde 1875 se conserva viva e todos os anos dela brota uma flor de singular aspecto, que vem segundo dizem, assinalar o dia de finados. Chamam-na Flor de Carne.

Essa planta (FIGURA 1), de muitas folhagens durante o ano, floresce num aspecto de órgão no período de finados, mês de novembro e, se ferida, libera um líquido vermelho cor de sangue e possui um odor de carne podre ou carniça, daí o nome popular Flor de Carne.

Figura 1 - Flor de Carne

Fonte: O Dia (site), 2023.

Gustavo (2013, site) pontua que 

“desde 1875, uma misteriosa flor brota anualmente em Vassouras, interior do Rio, segundo a história oral. Popularmente conhecida como Flor de Carne, ela teria desabrochado pela primeira vez em novembro daquele ano, na cabeceira da sepultura do Monsenhor Rios. Vigário na paróquia local, ele havia morrido dez meses antes. A partir de então, fiéis e curiosos visitam o Cemitério da Irmandade Nossa Senhora da Conceição para ver de perto a flor […].”

Bittencourt (2001, p.33) relata que 

surgiu na cabeceira do túmulo de Monsenhor Rios, não se sabe desde quando, uma estranha flor, de odor também estranho, a qual aparece com regularidade na época de finados, fenecendo no mês de novembro. A fim de protegê-la das mãos curiosas, foi colocado um gradil de ferro, de tamanho apropriado, por ocasião do centenário da morte do Monsenhor.

Segundo Gustavo (2023, site) há uma crônica da autoria de Affonso Romano de Sant'Anna que, ao visitar Vassouras no ano de 2011, escreveu sobre a referida Flor de Carne: “Os mais fatalistas dizem que ela brota exatamente em 2 de novembro, dia dos mortos. Tem cheiro, não se sabe se de carne de escravos ou do Monsenhor. Da vida morta, de morte viva?”

O fato que explica o cheiro da carne de escravos na crônica faz menção ao tratamento diferenciado que o Monsenhor dava para o sepultamento dos escravizados.

a história registra especial atenção do Monsenhor Rios com as pessoas escravizadas, que compunham a maioria da população vassourense naquela segunda metade do século 19, segundo o Censo Demográfico de 1872. O pároco teria sido responsável por conseguir túmulos dignos para aqueles que não tinham direito nem mesmo a covas rasas (GUSTAVO, 2023, site).

Ainda segundo o mesmo autor (GUSTAVO, 2023, site), pela história oral, botânicos de distintas regiões geográficas do mundo vieram a Vassouras estudar a planta e as perguntas eram sempre as mesmas: “Por que nasce só ali, naquela sepultura?; Por que nasce e renasce ali há mais de cem anos?” Também o cronista Affonso Romano complementa em sua obra: “Seria a alma de escravos brotando do solo, agradecidas ao Monsenhor?”. 

A explicação sobre o forte odor está em estudos científicos sobre uma flor similar, originária da Indonésia, a Amorphophallus titanum, popularmente conhecida como flor-cadáver.

A flor-cadáver (Amorphophallus titanum) pertence à família Araceae e é considerada a maior inflorescência do mundo, chegando a atingir 3 m de altura e pode pesar até 75 kg. Trata-se de uma espécie exclusiva das florestas tropicais do oeste da Sumatra, Indonésia. A flor exala um forte odor de carne podre que atrai insetos polinizadores. A volatilização das substâncias odoríferas acontece através da termogênese, elevando o metabolismo dos tecidos florais, principalmente à noite (FILARDI, 2023).

Sendo assim, a flor asiática tem o nome popular flor-cadáver pela mesma razão que a planta vassourense: o forte odor de carne putrefata que ocorre a partir do processo descrito acima como termogênese, compreendido como a produção de calor pelos organismos do homem, dos animais e algumas plantas. 

Há, no entanto, diferenças entre a flor-cadáver e a flor de carne. Enquanto a primeira pode atingir um comprimento de até 3 metros de altura, a segunda alcança uma medida de aproximadamente 35 centímetros, como a que se apresenta no túmulo do Monsenhor Rios. Além do tamanho, há outra diferença entre elas: a asiática vive no máximo 40 anos e floresce apenas três vezes; a planta vassourense permanece viva e sua flor desabrocha anualmente, sempre em novembro, há mais de 140 anos (GUSTAVO, 2023, site).

Temos então, algo intrigante, dentre outros elementos que envolvem o Monsenhor Rios que nos motivam, enquanto pesquisadores, a avançar no processo investigativo.

Deste modo, para compreendermos os fatos relacionados ao nosso objeto de estudo, objetivamos na presente pesquisa identificar a representatividade e expressividade do Monsenhor Antônio Rodrigues de Paiva e Rios que terminou seus dias no município de Vassouras e por meio das manifestações de ex-voto pretendemos identificar os impactos gerados religiosa, econômica, midiaticamente e nos aspectos turísticos da comunidade em que se insere. A metodologia utilizada no processo investigativo parte dos estudos bibliográficos para a história oral, a análise de conteúdo dos manuscritos e as entrevistas semiestruturadas com personalidades envolvidas no contexto. 

Podemos dizer que a pesquisa científica realizada compreende a aplicação de métodos para mostrar uma dada relação entre fatos ou fenômenos com o fito de submeter a teste determinada hipótese. Trata-se de um processo para obtenção de soluções fidedignas para um determinado problema por meio de coleta planejada e sistemática, análise e interpretação de dados (MACEDO, 1994, p.11). 

Assim, enquanto método, a pesquisa bibliográfica perfaz nosso ponto de partida na pesquisa científica com a finalidade de revisar a literatura existente e, não, redundar o tema de estudo ou experimentação (MACEDO, 1994, p.13). 

Também a história oral incorpora-se no processo investigativo como sendo uma perspectiva de ampliação no campo da interlocução, que nos permite refletir sobre uma historiografia, na qual a compreensão do passado, a partir do discernimento do sentido do fazer humano e da inclusão do indivíduo como sujeito do processo histórico, estabelece uma prática de pesquisa observada enquanto ciência interpretativa na busca de significados (COSTA, APARECIDO e BARROSO, 2016, p.7).

Na análise de conteúdo, temos um método qualitativo que pode se utilizar de parâmetros estatísticos para apoiar as interpretações dos fenômenos (URQUIZA e MARQUES, 2023). Por fim, em termos também metodológicos, podemos conceituar a entrevista semiestruturada a partir de Manzini (1990/1991, p. 154), o qual pontua que se trata- de um modelo de entrevista flexível que possui um roteiro estabelecido inicialmente, mas que permite abertura para que o entrevistado e pesquisador façam perguntas ou gerem respostas, além do que havia sido planejado. 

Elucidados todos os métodos utilizados na realização da investigação, partiremos para a disposição de dados acerca da esfera geográfica em que os fatos ganham vida, a fim de que possamos melhor compreender o cenário. Falaremos então sobre o município de Vassouras.

Vassouras em dados do IBGE

Vassouras é um município do estado do Rio de Janeiro situado da região do Vale do Café e, segundo a história relatada pelo IBGE (2010), tem sua formação inicial constituída a partir da região que se estende das margens do Paraibuna e do Paraíba e sobe até a serra da Viúva e também a região de Sacra Família do Caminho Novo do Tinguá, local onde, próximo da margem direita do Paraíba, erigiu-se a Vila e, posteriormente, a cidade de Vassouras. 

Ainda segundo os dados (IBGE, 2010), Vassouras teria sido uma via de conexão por meio de uma estrada que interligava Minas Gerais e Rio de Janeiro, denominada de Caminho Novo das Minas que fora aberto ou concluído em 1698, muito utilizada pelos tropeiros. À medida que novos povoamentos iam surgindo, outros nomes eram sendo atribuídos à via, como Cabaru (também Caburu e depois Cavaru), Pau Grande, Roça do Alferes, Pati do Alferes, Tinguá, Couto, Marcos da Costa. Reconhece-se que nos primeiros núcleos populacionais foram estabelecidas plantações e engenhos de cana-de-açúcar e suinocultura.

Pelo Decreto de 15 de janeiro de 1833, foi criada a Vila de Vassouras na freguesia de Sacra Família do Tinguá, onde grandes fazendeiros agraciados com títulos de barões e condes se instalaram e se perfizeram significativos benfeitores, peças fundamentais do desenvolvimento de Vassouras. Exemplos dessas figuras são: o Barão Francisco José Teixeira Leite, seus irmãos, filhos do Barão de Itambé; Manoel Jacinto Nogueira da Gama, mais tarde Conde de Baependi; o Barão do Tinguá, José Clemente Pereira; o Barão de Campo Belo, Correia e Castro; o Barão do Rio Bonito, Pereira de Faro, entre outros (IBGE, 2010). Na ocasião, fora introduzida a cultura do café de modo bastante relevante, destacando-se como núcleo da aristocracia rural fluminense pelo volume da produção cafeeira e no trabalho da lavoura. Por toda a região, o elemento negro escravizado foi muito utilizado pelos sesmeiros, chegando a atingir 20.000 pessoas. 

Vassouras se caracterizou como parada dos viajantes e tropeiros. Também local de doação de terras para a construção de capelas para cerimônias católicas, casas e comércios. No entanto, com a abolição da escravatura em 1888 e a falta de mão de obra para as lavouras de café, a consequência foi a desmotivação da cultura e o abandono das terras. O município passou a se organizar economicamente a partir de pequenas lavouras, sobretudo de hortaliças e cereais, pecuária e indústria (IBGE, 2010).

Atualmente, o município de Vassouras é constituído por quatro distritos: Vassouras, Andrade Pinto, São Sebastião dos Ferreiros e Sebastião de Lacerda, assim permanecendo a divisão territorial datada em 2007, segundo o Censo do IBGE (2010). Atualmente são 536.073 kmcomo aponta o Censo de 2022, onde reside uma população  de 37.262 habitantes. O município possui o PIB per capita de R$34.581,66, de acordo com Censo de 2020 (IBGE, 2010).

Em terras vassourenses, regadas pela história da escravidão e dos barões do café, viveu Monsenhor Rios, no final de sua vida sacerdotal.

Antônio Rodrigues de Paiva e Rios: o Monsenhor de ricos e pobres

Monsenhor Rios, como era chamado o religioso mineiro de Congonhas do Campo, teve em sua trajetória de vida, algumas datas que julgamos importantes para a compreensão dos fatos, como demonstra a Figura 2.

Figura 2 – Infográfico Linha do tempo Monsenhor Rios

Fonte: Centro de Memória da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Vassouras e Irmandade da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Vassouras – Dr. Joaquim José Teixeira Leite.

Temos que, apesar do pouco tempo em que Monsenhor Rios vivenciou Vassouras, enquanto pároco responsável, sempre esteve envolvido em questões relacionadas à região por, inicialmente, ter atuado em Bananal, a uma distância geográfica de 96,3 kms do município vassourense. E posteriormente, com sua transferência para o Desengano, atual distrito de Barão de Juparanã, pertencente ao município de Valença, cidade vizinha que, aos 27 de março de 1925 se transformou em sede da Diocese, pela Bula Papal Apostólico Ofício do Papa Pio XI. Esta Diocese abrange nove municípios, entre eles Vassouras.

A vivência cotidiana do Monsenhor na região, nos leva a compreender que havia uma forte relação de conhecimento com o público local, suas realidades sociodemográficas, necessidades, motivações e aspirações, o que pode ter contribuído significativamente para a representatividade simbólica do religioso em Vassouras e na região.

Monsenhor Rios fora, observado por Raposo (1978, p.149), como um homem virtuoso que revelou em todo o seu curso de vida, inteira vocação para a carreira eclesiástica, na qual se tornou, durante toda a existência na terra, “um verdadeiro e consumado apóstolo, praticando com o maior vigor e firmeza todas as regras de seu culto, todas as belezas nascidas das florações evangélicas.” E segundo Pinto (1978, p. 150), desde criança, Monsenhor Rios “sentiu arder-lhe no peito uma parte de sentelha (sic) divina que o chamava para o estado eclesiástico.”

Em Bananal, onde iniciou sua atuação enquanto vigário, seus fiéis, observados como suas ovelhas, o consideravam um santo e, posteriormente em Vassouras, obteve igual sorte (RAPOSO, 1978, p. 149).

Segundo o Dicionário do Direito Canônico (1993, p. 14; 678), as palavras santificar e santo se diferem, visto que santificar “é a função de dar culto a Deus como exercício da missão sacerdotal de Jesus Cristo, confiada à Igreja, a santificação – bem sobrenatural dos homens.” Já os Santos relacionam-se com os cultos e com as causas dos mesmos.

Os Santos são aqueles que com suas vidas purificadas estão ao lado de Deus e que podem nos comunicar os tesouros da graça (Catecismo da Igreja Católica, 2025, parágrafos 949-959 e 1474-477). 

De acordo com o Catecismo da Igreja Católica (2025, parágrafo 5, II, 956), em texto intitulado A intercessão dos santos, aqueles falecidos, considerados santos, são intermediadores entre o homem na terra e Jesus Cristo, no céu.

Obem-aventurados, estando mais intimamente unidos com Cristo, consolidam mais firmemente a Igreja na santidade [...]. Eles não cessam de interceder a nosso favor, diante do Pai, apresentando os méritos que na terra alcançaram, graças ao Mediador único entre Deus e os homens, Jesus Cristo [...]. A nossa fraqueza é assim grandemente ajudada pela sua solicitude fraterna.

Já santidade é uma vocação única e universal do Homem e consiste na "plenitude da vida cristã e [na] perfeição da caridadesegundo o CONCÍLIO VATICANO II (1964, n.40)”.

 Andrade (2010, p.3) afirma que, no catolicismo, a maior forma de expressão religiosa é o culto aos santos, tanto oficiais (canonizados) ou não oficiais. Esse tipo de culto acontece desde os primórdios da constituição da hierarquia cristã e a necessidade de instituir exemplos de valores morais a partir de pessoas que comungassem dos mesmos propósitos. Destaca-se como a primeira modalidade de santo o ‘mártir’, que é caracterizado por alguém que tenha sofrido muito, vivido de form  heroica sua fé, a ponto de, consequentemente, perder sua vida na defesa e não negação da fé cristã.

A Igreja Católica venera os santos, os cultua como intercessores e para os católicos, Jesus Cristo é o único mediador, o que não exclui os santos. Adoração somente a Deus, pois na doutrina cristã se prega a adoração de um único Deus e, portanto, os santos católicos não são como deuses, mas sim, exemplos de vida associados aos valores cristãos (SANTOS LIMA, 2013, p.132).

Segundo o Código de Direito Canônico, Título IV, Do culto dos santos, das sagradas imagens e das relíquias (SANTA SÉ, 2019, p.268):

Cân.1186 – Para fomentar a santificação do Povo de Deus, a Igreja recomenda a veneração peculiar e filial dos fiéis à Bem-aventurada sempre Virgem Maria, Mãe de Deus, que Jesus Cristo constituiu Mãe de todos os homens, e promove o verdadeiro e autêntico culto dos outros Santos, com cujo exemplo os fiéis se edificam e de cuja intercessão se valem.

Cân. 1187- Só é lícito venerar com culto público os Servos de Deus que foram incluídos pela autoridade da Igreja no álbum dos Santos ou Beatos.

Rieth (2000, p. 854) explana sobre a centralização hierárquica eclesiástica e a subordinação dos fiéis a ela, o que pressupõe uma nova forma de compreender a santidade como uma forte identificação do fiel com a vida de fé dos santos, visto que “seu exemplo deveria animar o homem simples a suportar sofrimentos similares aos que eles, os santos, haviam suportado.”

Ressalta-se que, a Igreja Católica determina fases de um processo para a instituição da santidade de uma pessoa (SANTOS, 2000): inicialmente investiga-se sua vida a fim de verificar se foi pautada nos valores cristãos de modo exemplar. Posteriormente, comprova-se a ocorrência de um milagre efetivo atribuído à pessoa. Realizadas essas duas etapas, a Igreja concede o título de beato. Em caso da comprovação de mais um milagre atribuído ao beato, a Igreja o declara santo.

Temos então que o candidato a beato precisa de provas de virtude heroica, santidade popular e um milagre pós-morte comprovado por meio de procedimentos burocráticos similares à justiça comum, porém regidos pelo Direito Canônico, na constituição apostólica Divinus Perfectionis Magister (25 de janeiro de 1983) do Papa São João Paulo II e nas orientações indicadas pelo Dicastério para as Causas dos Santos (2025).  

Pontua Santos Lima (2013, p.132) que, tal processo é rigoroso diante da necessidade de certificar-se a real santidade do candidato a santo, assim como aconteceu com São Benedito que, cultuado pelo povo, fora declarado santo após a contabilização realizada pelo Tribunal Eclesiástico de vinte e sete milagres.

Assim, adentramos na vida de Monsenhor Rios, a quem são atribuídos milagres e fama de santidade popular.

Raposo (1978, p. 150) sintetiza em uma frase como foram os anos do Monsenhor Rios: “A sua vida simples e doce, como é o viver do justo, nada legou às crônicas de que nos possamos utilizar.”

Nas palavras de Bittencourt (2001, p. 32-33), 

figura de relevo que passou pela Freguesia de Vassouras, no curto período de 1871 a 1875, foi a de Monsenhor Antônio Rodrigues de Paiva e Rios. Sacerdote de rara bondade e que pelo seu espírito caridoso, cativou em tão pouco tempo amizade de todos os vassourenses. 

Pinto (1935, p.245) também se remete à pessoa do religioso como um justo, ao dissertar sobre sua vida e morte e o descreve como um padre de moralidade exemplar. 

Homem de fortuna, pôl-la toda a disposição dos necessitados, sua casa estava sempre franca, era uma verdadeira hospedaria, mas que não se pagava, e em que os hóspedes eram recebidos com abundâncias de coração. Quando retirou-se de Bananal, estava pobre; tinha-se esquecido de si, sacrificado todos os seus haveres a bem dos que deles necessitavam (PINTO, 1935, p. 245-246).

Percebemos de modo evidente as características de empatia para com o próximo, despretensão material e solidariedade presentes na pessoa do religioso Antônio Rodrigues de Paiva e Rios. 

Pinto (1935, p. 246) ainda complementa suas observações afirmando que “ainda hoje os bananalenses choram por aquele verdadeiro pároco, que foi-lhes sustentáculo da fé durante mais de vinte anos” e o que o monsenhor representou para Vassouras ninguém ignora, pois “não era homem de instrução variada e por isso mesmo que não tinha o orgulho vão e efêmero que dá a ciência humana. Era modesto e humilde, dando assim o melhor exemplo dessas virtudes aos seus freguezes.” 

Em atividade sacerdotal efetiva Monsenhor Rios assinou o Livro de Batismo de Escravos (1871-1878) pela última vez à fl. 98, em 1o de março de 1874, exatamente dez meses antes de seu falecimento, como mostra a figura 03. 

Figura 3 – Última assinatura de Monsenhor Rios

Fonte: Imagem própria dos autores

Após sua última assinatura, como aponta Pinto (1935, p.247), 

[...] sofrendo por muitos anos de uma moléstia cardíaca, agravaram-se-lhes os incômodos a ponto de o levarem à cama de onde só teria de sair para baixar no túmulo. Foi uma agonia lenta, e que alanceava o coração dos amigos que o visitavam, e amigos seus eram todos os vassourenses.

Durante a longa moléstia, sua habitação esteve sempre cheia de pessoas que, a todo momento, vinham pressurosas inquirir do estado de seu bom Pároco.

Depois de esforços inúteis da ciência médica, sucumbiu às 4 horas da madrugada do dia 9 do corrente (janeiro), com 69 anos de idade. Como crianças choravam aqueles que assistiram a morte! Parecia-lhes incrível que morresse sofrendo um homem que durante a vida fôra um anjo do bem.

No dia 10 houve um espetáculo sublime e consolador. Aquele homem, que morrera pobre, teve o saimento mais pomposo que já se viu em Vassouras. Não querendo falar das pompas de luxo, mas das pompas da alma – a gratidão. Muitas senhoras acompanharam o féretro e o cemitério ficou de tal modo apinhado, que era difícil passar-se.

Ao sair o féretro, viam-se as colinas que dominam a cidade, cobertas de pessoas. É a maior homenagem que o povo espontaneamente pôde prestar ao seu pároco! É que ele soube ser sempre um amigo sincero e dedicado.

Os olhos de todos estavam umedecidos de lágrimas, e quantas pessoas soluçavam (PINTO, 1935, p.247)!

“Na ocasião em que baixava o corpo ao sepulcro, oraram o Dr. Joaquim Alexandre de Siqueira e Emilio Zaluar, que produziram o mais profundo enternecimento na alma dolorida dos circunstantes (RAPOSO, 1978, p.150).” Os discursos foram proclamados em homenagem ao religioso e comprovam o quão era querido Monsenhor Rios. 

O discurso da despedida pronunciada por Dr. Joaquim Alexandre de Siqueira traduz em palavras quem foi o Monsenhor e expressa o fim:

Vamos entregar à terra o produto concebido da terra. Preenchemos a missão de depositar nela aquele que terminou a da vida.

Seria desnecessário dizer-vos, que ele foi, se a gratidão e o reconhecimento às suas eminentes qualidades não o exigissem.

Monsenhor A. R. De Paiva e Rios teve uma alma iluminada: creu na sublime doutrina do homem-Deus, e praticou-a, gastando quase metade de sua existência no desempenho dela, foi um pastor exemplar, apascentando as ovelhas sãs, e acudindo pressuroso aos balidos das que lhe pediam socorro do corpo e do espírito.

Mas, quando mais realçaram os atributos desse venerando sacerdote, foi nos últimos 4anos, que paroquiou a igreja de Vassouras. Neste período de provações, abalada a sociedade brasileira pela imprudência ultramontana, este vigário modelo, congregou sempre o seu rebanho, e pregando-lhe a verdade do Evangelho, robusteceu em cada filho as crenças do catolicismo. Monsenhor Rios era um verdadeiro discípulo de Cristo: sua palavra sem atavios ensinava a fé, a sua mão generosa e desinteressada, distribuía a caridade. Ainda nas disposições da sua última vontade, ao separar-se dos homens, humilhou-se  aos homens; denunciou o favor da amizade, e, para melhor agradecê-lo, converteu-o em esmola. 

Hoje está tudo finado. A alma sublime subiu para Deus; o corpo sepultamo-lo, que desta terra, adubada por tantas virtudes, brotarão mais rebentos da árvore do cristianismo.

Oremos por ele (SIQUEIRA apud PINTO, 1935, p. 248-249).

O outro discurso, pronunciado pelo jornalista Augusto Emilio Zaluar no ato do sepultamento, reproduz o sentimento de gratidão e a dor do adeus (ZALUAR apud BITTENCOURT, 2001, p.33-34):

Aquele amigo sincero, aquele espírito sereno, aquela consciência transparente, que levava a sua cândida abnegação a ponto de esquecer-se de si mesmo; aquele companheiro de todos os dias solenes de nossa existência; aquele exilado dos primeiros tempos do cristianismo na época tempestuosa em que vivemos e na qual a igreja parece naufragar nos escolhos da intolerância e do fanatismo; aquele, finalmente, que ainda há poucos dias víamos entrar pela porta de nossos lares, com o sorriso nos lábios e a bênção no coração, abraçando e chamando filhos aos ricos e aos pobres, aos moços e aos velhos, - desapareceu para sempre, deixando órfão um rebanho de fiéis, que nunca se cansará de chorar o seu carinhoso e adorado pastor!

Os despojos mortais de Monsenhor Rios vão descer neste momento à sepultura. Podemos ainda contemplar pela última vez o seu cadáver,- relíquia duplamente augusta, tanto pelo sublime sacerdócio que exerceu na terra, como porque nessa fonte veneranda já estampou o selo da morte o sinal misterioso dos peregrinos de além túmulo! A alma partiu.

Até onde já subiste nesta hora, chama imortal? Deves estar muito alto, porque eras muito puro. Curva-te diante do Senhor e não é preciso dizer o que fizeste, porque ele sabe.

Deus não te dará a palma dos mártires, mas em compensação, terás a auréola dos justos. O teu trabalho foi o santo resgate dos cativos da miséria, a tua palavra foi a doutrina do perdão proclamada pelo divino Mestre do alto da cruz. A tua existência resumiu-se em duas palavras: crer e amar.

Crias e amavas sincera, franca, espontaneamente, como resultado de uma força íntima, sem saber mesmo porque te vinham de dentro estes dois sentimentos.  Deus mandava, o homem obedecia. Não havia um ponto escuro na tua alma porque toda ela se banhava em luz. A vida foi-te uma aurora imaculada, a morte a glória eterna!

Desça embora o teu corpo inanimado nesta sepultura de lágrimas. O espírito, que te vivifica, ascende ao infinito. Nós já te não vemos subir, mas tu sobes sempre; e podes ver-nos ainda nesta hora como se estivesse aqui presente. Volve pois, de onde estás, a tua vista para este lutuoso grupo; e suplica a Deus, porque tens direito a ser por ventura atendido, suplica-lhe pela concórdia espiritual do teu rebanho, pede-lhe para que a paz e a harmonia continuem a reinar entre o povo vassourense, terreno em que deve medrar a semente da graça que implantaste em nossos corações.

E adeus, até o dia em que nos fôr dado receber o salário de nossas obras, que deve ter sido para ti a tranquilidade celeste, a que unicamente aspiraste!

Em nota da redação do Editorial d’O Município, datado em 17 de janeiro de 1875, onde houve a publicação do discurso acima citado, há o comentário de que infelizmente as súplicas de Emilio Zaluar não foram atendidas pelo Altíssimo, pois a tranquilidade existente até então em Vassouras não mais se instaurava. Todos assistiam, na ocasião, a política do ódio, da perseguição, do ataque à honra, do assassinato, dos matadores da saúde a serviço dos fazedores de eleição. Pela redação, há uma associação com um assassinato, descargas de carabinas, bombas de dinamite, infiltração de forasteiros em território vassourense, pancadaria e roubo de atas eleitorais nos dias lutuosos pela morte do Monsenhor (PINTO, 1935, p. 251). 

Momentos de turbulência no município pós-morte do Monsenhor pareciam abrandados durante sua existência:

Nesta época em que as paixões tumultuam, durante todo o período da questão religiosa, homem de um tino e bom senso extraordinário, soube conduzir o seu rebanho com a maior pericia, sem chocar-lhe as ideias, sem a menor desarmonia, fazendo-se cada vez mais querido e respeitado.

Nesta cidade, onde há espíritos demasiadamente religiosos, quase fanáticos, e outros, demasiadamente livres, nunca se viu o menor embate de crenças.

Lembra-nos ainda um dito do Monsenhor Rios, quando apareceu a pastoral do Bispo Diocesano mandando expulsar do templo os maçons: “Não, dizia ele, com a sua voz carinhosa, se procuram a igreja é porque são católicos, e como católicos são filhos dela, e uma verdadeira mãe não repele os filhos de seus braços.”

Oh! Se todos pensassem assim, quantos conflitos ter-se-iam sido evitado! (PINTO, 1935, p. 246).

Há de se compreender a relação entre Igreja e Império, o qual geria o país na ocasião. Este elo entre as potências religiosa e administrativa do país também passava por momentos delicados, e os dados contemplados nas referências bibliográficas apontam para o discernimento de que Vassouras não sentiu tanto essa turbulência, pois o Monsenhor soube conduzir as questões locais de modo harmonioso e simples, apesar de sua posição de verdadeira imponência e prestígio na época.

Relações entre Igreja e Império no contexto vassourense

Um dado importante nos mostra que a primeira Constituição do Brasil, datada em 1824 - Brasil Império, nomeou o catolicismo como a religião oficial do Império, promovendo uma identidade religiosa herdada do período colonial, que estabelecia um sistema de padroado entre Igreja e Estado (PEREIRA, 2011, p. 25). Contudo, apesar de entraves entre clero e autoridades imperiais a partir desta Constituição, a igreja sempre teve seu lugar de moralização e de poder nas articulações comunitárias, de escuta dos seus féis, súditos e, especificamente em Vassouras, dos Barões que geriam a cidade, doavam terras à igreja e contribuíam para o desenvolvimento local. Sendo assim, a igreja católica e seu representante teria, naquela instância, poder de persuasão, de crédito, de merecimento e voz de escuta em sua Paróquia. Isso nos leva a crer que, com o Monsenhor Rios, não teria sido diferente.

Apesar de sua influência, Monsenhor Rios mostrava-se simples e desprovido e todo e qualquer tipo de vaidade a exemplo de seu pedido em testamento (FIGURA 4), no qual por meio do seu inventariante Antônio José Fernandes, determina como deveria ser seu funeral:

Certo que o meu testamento mande dizer por minha alma missa de corpo presente jus todos os sacerdotes desta freguesia, e que meu corpo seja envolto nas vestes sacerdotais na forma do ritual romano e que seja sepultado no cemitério desta cidade abaixo do último degrau da escada que segue para o cemitério geral ao lado direito. Declaro que sou filho legítimo de João Gonçalves Rio e de Dona Francisca Maria Roza já falecidos, e batizado na freguesia de Congonhas de Campos em Minas Gerais e não tenho herdeiros nem jus ascendência nem descendência (ARQUIVO do TJRJ/IPHAN (1875, fl.2).

“[…] entregando ao céu aquele belo espírito que ao céu viera, foi inumado no Cemitério da Conceição, em sepultura rasa, no passadiço da parte antiga para a nova. Não teve esquife. Foi lançado sem ele na cova, apenas envolto numa mortalha de Cristo, conforme pedido seu (RAPOSO, 1978, p.150).”

Pinto (1935, p. 256) também elucida sua interpretação sobre essa orientação preparatória do Monsenhor para seu rito de passagem. 

Se há qualidade que mais nos recomende a Deus, é sem dúvida a humildade; e dela ainda deu última prova Monsenhor Rios, pedindo em suas últimas disposições que o seu corpo fosse levado no caixão da Misericórdia e que lhe fosse dela sepultura em um local que todos fossem obrigados a calcar os pés.

Figura 4 – Página do Inventário do Monsenhor Rios em detalhamento de seu funeral

Fonte: Arquivo do TJRJ/IPHAN (1875, fl.2).

De acordo com o Arquivo do TJRJ/IPHAN (1875, fl.7), Monsenhor Rios possuiu alguns bens, dentre eles escravos registrados na Collectoria de Valença, como era o costume na época. Inclusive deixa expressas as condições que deveriam ser oferecidas aos filhos de sua escrava Joanna, para que fossem zelados pela mãe até os dezoito anos de idade, quando seriam considerados livres. 

A abolição da escravidão aconteceu bem depois da morte do Monsenhor, a partir do Decreto da Lei Áurea em 13 de maio de 1888. No entanto, anteriormente a isso, Pereira (2011, p.24) afirma que a Igreja Católica, como uma grande instituição dessa sociedade, não se manteve afastada dessa discussão fundamental do final do século XIX. Com publicações em jornais católicos, cartas pastorais e até Encíclica Papal, o clero brasileiro manifestou-se sobre o processo abolicionista e o rumo que o Brasil deveria seguir após aniquilar o escravismo, em seu território. Tratou-se de um processo gradativo, a partir da Lei do Ventre Livre de 28 de setembro de 1871, quando as mulheres escravizadas teriam suas descendências livres em solo brasileiro. Assim, Vassouras entra nesse cenário quase ao final do processo da escravidão, entre os anos de 1850 a 1888 (CARVALHO, 2013, p. 13).

Em Vassouras, ano de 1872, quando o Monsenhor já atuava na cidade, havia 19.085 pessoas livres e 20.168 escravizadas, totalizando 39.253 habitantes (LOTE, 2013, p.32). Isso nos mostra que pouco mais da metade da população era escravizada para a produção cafeeira, como vimos anteriormente.

A partir do Livro de Batismo de Escravos (1871-1878), verificamos que Monsenhor Rios batizou centenas de escravizados durante o período de suas ações sacerdotais na Vila de Vassouras, de 09 de julho de 1871 até 01 de março de 1874.

Segundo Gustavo (2023, site), 

a história registra especial atenção do Monsenhor Rios com as pessoas escravizadas, que compunham a maioria da população vassourense naquela segunda metade do século 19, segundo o Censo Demográfico de 1872. O pároco teria sido responsável por conseguir túmulos dignos para aqueles que não tinham direito nem mesmo a covas rasas.

Temos que o Monsenhor possuía uma vida relativamente condizente com sua época mas, no entanto, soube agir de modo diferenciado, simples e acolhedor, o que gerou relevância social em suas ações, de modo a contribuir com sua memória pós-morte atrelada à admiração, gratidão e saudosismo.

Monsenhor Rios e sua representatividade social: devotos em manifestos

A partir das manifestações de ex-voto dos devotos, torna-se possível a verificação de qual percepção os fiéis têm em relação ao Monsenhor Rios. Com esse intuito, em julho de 2022 foram posicionados dois baús acompanhados de banners ilustrativos (FIGURA 5) na entrada da Igreja Matriz e dentro da capela do Cemitério Nossa Senhora da Conceição, onde está sepultado o corpo do Monsenhor Rios. 

Exposições verbais instruindo sobre a finalidade dos baús, foram realizadas durante duas missas consecutivas de domingo à noite, horário em que a igreja se encontra com o maior número de pessoas assistindo a cerimônia religiosa. Destaca-se que a primeira exposição verbal foi também transmitida via internet, pelo canal do YouTube, contribuindo para uma maior repercussão da notícia. 

Figura 5 – Imagem dos baús para depósito das manifestações de ex-voto e banner ilustrativo

Fonte: Imagem própria dos autores.

Os fiéis então poderiam escrever manualmente em um formulário (FIGURA 6) que se apresenta com os dizeres: “Relate aqui as graças alcançadas pela intercessão de MONSENHOR RIOS” e então depositar sua manifestação no baú, ou ainda enviar um e-mail para o endereço eletrônico monsenhorrios.vassouras@gmail.com.

Figura 6 – Formulário de manifestação manuscrita de ex-voto

Fonte: Imagem própria dos autores.

Tabulamos cento e nove formulários com manifestações e mais duas folhas de papel manuscritas, totalizando cento e doze (112) ex-votos que compreendem o período de julho de 2022 a maio de 2023, conforme a figura 7. Nenhuma manifestação via e-mail foi realizada.

Podemos observar que a maioria dos formulários preenchidos é atribuída a um único respondente que, segundo informações, frequenta a Igreja quase diariamente e sofre de distúrbios mentais. 

Dentre os devotos, temos homens e mulheres entre 11 a 65 anos, oriundos de diversas localidades do estado do Rio de Janeiro e, em relação às suas respostas, levantamos a hipótese que muitos podem não ter respondido determinadas perguntas do formulário por questões de preservação de privacidade, ou por entenderem que o Monsenhor pode escutar o coração apenas a partir da intenção de preencher o formulário, mesmo não tendo escrito sua mensagem, apenas assinando. 

Pela interseção de Monsenhor Rios junto a Deus, percebe-se mais manifestações de pedidos do que de agradecimentos. No entanto, dos cinco pedidos, dois deles vêm junto a um agradecimento, o que corrobora com a ideia da existência de um milagre e a fidelização de um fiel. 

Nota-se a crença que permite a cura, que anseia a mudança, que se preocupa com a imagem do Santo Milagreiro e com os males decorrentes do pecado do homem. A gratidão explícita é que demarca o milagre verdadeiro.

Além dos formulários prontos para o preenchimento do devoto, as duas folhas manuscritas, uma de uma mulher de 85 anos que relata uma dor forte e a suspeita de um tumor que, após súplicas ao Monsenhor Rios para que conseguisse chegar aos 90 anos, exames médicos foram realizados e nada se constatou. Ou seja, agradecimento de uma cura. 

A outra folha agradece e pede perdão. Gratidão pelas graças pessoais alcançadas e pelas graças obtidas para sua família. Perdão por desapontar ao Monsenhor com suas lamentações constantes, transgressões, dúvidas, medos e incertezas. Perdão pelos seus maus comportamentos. Relata: “Essa a ansiedade que consome, esse medo da vida que rouba tantas oportunidades. Esse meu jeito de achar que as coisas tem que ser do meu jeito. De calar quando sinto vontade de explodir e explodir na hora errada.”

Figura 7- Tabulação dos manifestos de ex-voto dos formulários

             

Na sequência, a carta escrita em folha de papel pede ao Monsenhor que dê o dom do silêncio diante do sentimento interno de “gastura” que impede de ir além das propostas de Deus. Suplica a cura da sua alma, do coração e pede o ensinamento para ser uma pessoa forte e corajosa. Faz menção ao Senhor Deus para que aja em sua vida como desejar, de acordo com seus planos e projetos. Mais uma vez pede direção e luz, que possa acordar novamente e que não trilhe os caminhos da dor e, sim, do amor.

Percebe-se nas folhas avulsas escritas a mão, que há o estabelecimento de confiança entre o fiel para com o Divino, seja ele na pessoa do Monsenhor Rios, enquanto intercessor junto a Deus, ou no próprio Deus. As duas manifestações feitas, de forma independente ao formulário proposto, são como conversas íntimas, ricas em detalhes de fatos, de sentimentos, de aspirações e da certeza de que existe uma escuta, que há uma compreensão contextual por parte do ser Divino. Fica clara a segurança de que algo acontecerá a partir daquele manifesto, de que súplicas serão atendidas e a solução é possível, basta crer para ver. 

Monsenhor Rios se caracteriza pela esperança de seus devotos, a luz de muitos caminhos escuros, a fonte de possíveis milagres. Sabendo disso, muitos interesses podem circundar esse imaginário social do religioso milagreiro, tais como: interesses políticos, religiosos, culturais, financeiros, dentre outros.

Interesses públicos e privados diante da apropriação da imagem do Monsenhor

Discernir acerca dos diversos atores envolvidos no contexto relacionado ao Monsenhor Rios faz-se imprescindível para decodificação da representatividade, da imagem construída socialmente e dos interesses inerentes a tudo isso.

Partimos da coleta de entrevistas semiestruturadas feitas com diversos representantes de setores públicos e privados,  em que se questionou a importância do religioso no cenário vassourense e regional; e como se articula a apropriação de sua imagem para interesses municipais. 

Na busca por respostas, primeiramente conversamos com o Sr. W.F. (2023), ligado ao setor público de Turismo. Sua fala percorre pelo trajeto do comportamento do religioso em vida que, considerado exemplar, contribuiu para a angariação de fiéis após sua morte. Assim, a imagem do Monsenhor vai além do aspecto religioso, pois é associada à história municipal e inclusa em uma programação turística:

Monsenhor Rios teve uma atuação humanitária em Vassouras e tornou-se um exemplo. A valorização da sua história é importante, sobretudo, sob esse ponto de vista. Com a passagem do tempo, um movimento natural de fiéis foi crescendo e fez do seu túmulo, no Cemitério Nossa Senhora da Conceição, um dos mais visitados.

Quando criamos a rota do Turismo Religioso, imediatamente destacamos a relevância do Monsenhor, sabendo que o mistério da Flor de Carne aumenta o interesse dos turistas. Além disso, sempre ressaltamos que essa história, preservada no Centro Histórico de Vassouras, vai além da religião. Não é necessário ser católico para conhecer e reconhecer a grandeza do Monsenhor, porque ele é um personagem  histórico, que ajuda a contar a história do Vale do Café.

Também o Sr. V.B. (2023), atual Diretor da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo da Prefeitura Municipal de Vassouras, afirmou que “a figura de Monsenhor Rios é fundamental tanto no turismo quanto no desenvolvimento econômico local, sobretudo na época da Flor de Carne, por ser um gerador de fluxo turístico e consumo de produtos e serviços, por parte desses visitantes.”

G.M.L. (2023) é uma comerciante de artigos religiosos e souvenir (trata-se do artesanato local e objetos que são vendidos aos turistas como lembrança da viagem) que entrega prospectos aos turistas com informações relevantes sobre o Monsenhor Rios e esclarece dúvidas como: o local onde o corpo está sepultado, as motivações que levam os devotos a buscarem por ele e outras indagações. Segundo ela,

as pessoas estão encontrando graça em seu espírito e elevam o pensamento a ele na intenção de um milagre e elas alcançam. Eu oriento e informo, pois as pessoas se sentem estimuladas a irem lá no cemitério para ver, conhecer a flor que tem tudo a ver com a história dele. 

Faço parte da rota do Turismo Religioso, um projeto de Vassouras que já está em vigor e integra a rota do centro histórico. Todos os guias turísticos de Vassouras levam os visitantes para conhecerem a Igreja, a arquitetura do século XIX, as peças religiosas e a sepultura do Monsenhor Rios.

Percebe-se, claramente, o quão importante é a presença do turista no município pois, no âmbito comercial, ele vêm disposto a consumir hospedagem, alimentação, artigos de lembrança e outros. Isso se traduz em dinheiro que circula nas mãos dos vassourenses e influencia na melhoria contínua da  infraestrutura municipal para atração de cada vez mais visitantes.

Em entrevista com a Sra. A.M.S. (2023), Secretária de Cultura da Prefeitura Municipal de Vassouras, também há a confirmação da geração de renda local baseada no turismo religioso e a importância cultural que a imagem do Monsenhor Rios representa enquanto elemento de memória e fé:

No Brasil, a diversidade de credos e religiões marcou a construção de nossa cultura, inclusive o sincretismo religioso (quando religiões diferentes cruzam seus dogmas, divindades e rituais) faz parte de nossa riqueza cultural. O Monsenhor Rios é tido como referência e Patrimônio da Cultura em nosso município no que tange à  memória e à fé, gera desenvolvimento econômico e cultural para a comunidade local e atrai o Turismo.

O Sub-secretário de Cultura J.L.M.S.J (2023) faz considerações sobre o nível de conhecimento que o vassourense tem acerca desse viés histórico e cultural do Município:

é uma história pouco conhecida pelos moradores, por incrível que pareça. As pessoas conhecem muito mais a história quando se fala da Flor de Carne, mas muita gente não sabe que a flor está atrelada à história do Monsenhor Rios. 

A flor de carne é um fenômeno místico e que se converteu em um grande apelo turístico, principalmente quanto ao turismo religioso. Eu acho que essa é a relação do Monsenhor Rios e da Flor de Carne com a comunidade.

O mistério da Flor de Carne, como dito anteriormente, é difundido midiaticamente por diversos canais de comunicação, como emissoras de televisão, rádios, revistas digitais e impressas, jornais dentre outros. Portanto, podemos dizer que a fala de J.L.M.S.J. (2023) justifica-se pela ênfase no fenômeno da flor enquanto curiosidade, o que numa edição de matéria, pode gerar mais sensacionalismo e audiência do que a vida de um religioso, o que contribui para tal resultado. 

D.S.R. (2023) diretor de dois meios de comunicação midiática com abrangência, sobretudo, em Vassouras e cidades da região do Vale do Café, fala sobre o Monsenhor Rios como um elo de conexão com Deus e de união entre vassourenses nos momentos difíceis da vida:

Monsenhor Rios é uma figura emblemática que desperta o misticismo e devoção no dia de Finados na cidade de Vassouras e região. Anualmente, tanto fiéis quanto curiosos aguardam com expectativa a oportunidade de testemunhar o fenômeno da flor em formato de coração que floresce em seu túmulo.

A cidade de Vassouras é palco de inúmeros relatos de graças alcançadas e curas milagrosas atribuídas à intercessão do Monsenhor Rios. Sua presença transcende o plano físico, sendo considerado um exemplo de espiritualidade e de conexão com o divino.

O legado deixado por Monsenhor Rios vai além das fronteiras religiosas, impactando toda a comunidade local. Sua figura inspiradora desperta fé e esperança, não apenas durante o Dia de Finados, mas ao longo de todo o ano. Seu túmulo se tornou um local de peregrinação, onde pessoas de diferentes crenças se reúnem para rezar, refletir e buscar conforto espiritual.

Além da flor em formato de coração que embeleza o túmulo, histórias e testemunhos de curas e transformações pessoais circulam pela cidade. Monsenhor Rios é reconhecido como um intercessor divino, capaz de auxiliar na superação de doenças e dificuldades enfrentadas pelos moradores da região.

A devoção a Monsenhor Rios é um elo que une a comunidade de Vassouras, trazendo consolo em momentos de perda e renovando a esperança na possibilidade de milagres. Sua memória continua viva e sua influência espiritual perdura, tornando-o um símbolo de fé e inspiração para todos que têm a oportunidade de conhecer sua história e experimentar sua poderosa intercessão.

Outro meio de comunicação bastante relevante na região é o Jornal Tribuna do Interior que noticia principalmente fatos de Vassouras, com uma abrangência que se estende também a municípios adjacentes. Seu editor chefe M.E.F. (2023) afirma que a imprensa se vale da notícia relacionada ao Monsenhor Rios e o mistério da Flor de Carne como forma de despertar seu público.

durante muitos anos a história da flor de carne foi tema de matérias da Tribuna do Interior, o jornal que eu edito desde 1984, a partir de Vassouras para toda a região. O caso da planta, que nasce no túmulo do Monsenhor Rios, é um assunto que por décadas povoou o imaginário não só do vassourense, mas de moradores de toda a região. A imprensa da capital também, de tempos em tempos, vem a Vassouras cobrir a história e descobrir se naquele Dia de Finados a flor de carne surgiu ou não.

Frente à cobertura midiática, Monsenhor Rios se torna cada vez mais conhecido, o que atrai turistas e curiosos para Vassouras. 

Em diálogo com a responsável pela recepção aos turistas de Vassouras, a Sra. A.A.S. (2023) faz um relato detalhado sobre o turista que visita Vassouras e o movimento gerado a partir da fé:

O turista, quando eu conto a história do Monsenhor Rios, fica simplesmente maravilhado, porque poucos ouviram falar sobre isso, muitos nunca ouviram falar a respeito, não conhecem essa história, não conhecem a história da Flor de Carne e aí ficam todos interessados a ver se verdadeiramente no período de Finados a flor surge no túmulo. 

A procura pelo Monsenhor é mais no período de Finados mesmo, pois os turistas já vêm à procura de conhecer a flor, de visitar o túmulo, ver como que funciona, ver as pessoas que acreditam nele lá no cemitério, orando, fazendo seus pedidos. Existem aquelas pessoas que não conheciam a história e ficam surpresas, curiosas e encantadas! Realmente é algo único! Essa história é fantástica, porque como é que vai nascer uma flor na cabeceira do túmulo do Monsenhor Rios, que foi um homem benfeitor no século XIX? Um homem que tinha uma visão ajudadora, doadora. Ele se doou, doou a vida para os menos favorecidos, dava um túmulo, com todo respeito, digno pra todos que por ele passaram. Preferiu ficar no meio do cemitério para mostrar um patamar de igualdade perante as pessoas. 

Muitos vêm, agradecem graças recebidas e tem gente que fala que já conhece a história do Monsenhor, que já fez pedido e recebeu graça, que seus pedidos foram alcançados.

O sacristão C.A.C. (2023), representante da Igreja Católica Nossa Senhora da Conceição de Vassouras, pontua que “o Monsenhor Rios representa um pai. Homem digno que estava sempre ao lado das pessoas. Um exemplo de homem cristão.” C.A.C. (2023) afirma que muitos visitam o túmulo do religioso e a igreja onde ele celebrava e essa lógica do milagre atrai muitos fiéis. Segundo ele, se comprovada a sua santidade, a procura seria muito maior pela busca de sua intercessão junto a Deus.

De acordo com as palavras do sacristão entrevistado (C.A.C., 2023), há uma intenção real no processo de beatificação do Monsenhor Rios para posterior canonização, o que contribuiria para o aumento de fiéis e visitantes à igreja. No entanto, nenhum processo para possível beatificação e posterior canonização fora aberto até o momento.

Nesse sentido, nossas pesquisas poderiam contribuir não só neste caso específico, mas em outros estudos correlatos, que se ancoram na base científica para comprovação de fatos no âmbito da folkcomunicação.

Considerações finais

Concluímos que o religioso Antônio de Paiva Rodrigues e Rios possui reconhecimento descrito em bibliografias, como alguém que se enquadra no perfil de “santo” diante de suas ações em vida e seu potencial milagreiro pós-morte. Sua representatividade é bastante significativa para os setores públicos e privados, pois agrega valor ao catálogo de turismo vassourense, sobretudo no que tange ao turismo religioso, pois também contribui com a geração da renda local. A imagem social do Monsenhor Rios, muitas vezes associada ao fenômeno inusitado da Flor de Carne, é difundida midiaticamente enquanto informação, que denota a curiosidade da audiência. Há um esforço motivado ora por interesses econômicos, ora por crenças e fé, na divulgação dos feitos do Monsenhor Rios, enquanto milagreiro, e sua Flor de Carne, compreendida como atrativo de devotos e turistas curiosos.

Conhecendo um pouco mais da vida do Monsenhor Rios, por meio desse estudo, podemos avançar além do fenômeno da Flor de Carne. Decodificando assim as suas origens, sua formação e legado para as comunidades por onde passou e exerceu seu ministério sacerdotal. Monsenhor Rios é uma figura que, ainda hoje, devido à sua popularidade leva as pessoas a fazerem uma conexão com o sagrado, alimentando assim a fé e mantendo viva a esperança para atravessar os momentos difíceis, seja a doença ou qualquer outra dificuldade considerada como algo impossível. 

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