Efeitos Ototóxicos Induzidos por Doxorrubicina, Ciclofosfamida e Paclitaxel em Protocolos de Tratamento Oncológico

Autores

Priscila Feliciano de Oliveira Universidade Federal de Sergipe https://orcid.org/0000-0002-6443-6167
Maria Aparecida Reis Santana Universidade Federal de Sergipe https://orcid.org/0009-0008-6840-3195
Crislaine Ramos da Silva Batista Universidade Federal de Sergipe https://orcid.org/0000-0002-4573-7669
Lorena Teles Gois de Jesus Universidade Federal de Sergipe https://orcid.org/0009-0000-2148-206X
Suellen Santos Villela Universidade Federal de Sergipe https://orcid.org/0009-0003-9880-4292

DOI:

https://doi.org/10.23925/2176-2724.2025v37i3e71456

Palavras-chave:

Quimioterapia, Ototoxicidade, Perda auditiva

Resumo

Introdução: A ototoxicidade é uma complicação frequente no tratamento quimioterápico do câncer de mama, pode afetar a função auditiva e a qualidade de vida. As emissões otoacústicas evocadas-produto de distorção (EOAPD) representam um método sensível e objetivo para identificar precocemente alterações nas células ciliadas externas, mesmo sem comprometimento audiométrico. Objetivo: Investigar os efeitos do protocolo AC-T (doxorrubicina, ciclofosfamida e paclitaxel) no funcionamento das células ciliadas externas da cóclea em pacientes com câncer de mama. Método: Estudo de coorte prospectivo, analítico e observacional. Foi realizado meatoscopia e registro das EOAPD em dois momentos: uma semana após o primeiro dia do ciclo quimioterápico e ao término do tratamento. Para estatística foi utilizado o software SPSS, 20.0 e foi adotado o nível de significância de 5% (p ≤ 0,05). Resultados: A amostra foi composta por mulheres com média de 52,36 anos (±4,78). Após o tratamento, 78,6% relataram dificuldade para compreensão da fala em ambientes ruidosos e 35,7% referiram zumbido. As EOAPD revelaram redução estatisticamente significativa na amplitude especificamente da frequência de 5 kHz, indicando comprometimento funcional das células ciliadas externas. Conclusão: O protocolo AC-T evidenciou potencial ototóxico, com prejuízo funcional das células ciliadas externas da cóclea, particularmente na frequência de 5 kHz. A ocorrência de zumbido e a elevada prevalência de queixas relacionadas à dificuldade de compreensão da fala em ambientes ruidosos reforçam a importância da vigilância audiológica nos pacientes em tratamento. A adoção de programas sistemáticos de monitoramento auditivo pode viabilizar a identificação precoce de alterações auditivas e subsidiar intervenções oportunas.

Referências

Instituto Nacional de Câncer (BR). Estimativa 2023: incidência de câncer no Brasil [Internet]. Rio de Janeiro: INCA; 2023 [citado 2025 jul 30]. Disponível em: https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/estimativa-2023-incidencia-de-cancer-no-brasil

Silva M, Oliveira R, Santos A. Situações de vulnerabilidade de adolescentes e jovens do contexto rural em tratamento oncológico. Rev Esc Enferm USP. 2023; 57:e20220456.

Landier W, Knight K, Wong FL, et al. Ototoxicity in children receiving platinum chemotherapy: results from the Childhood Cancer Survivor Study. J Clin Oncol. 2020; 38(13): 1415–28.

Pereira L, Oliveira F, Souza A. Ototoxicidade relacionada ao uso de doxorrubicina em pacientes com câncer. J Clin Oncol. 2020; 38(13):1415–28.

Sarafraz M, Ahmadi K. Paraclinical evaluation of side-effects of Taxanes on auditory system. Acta Otorhinolaryngol Ital. 2008; 28(5): 239-42.

Dong Y, Ding D, Jiang H, Shi JR, Salvi R, Roth JA. Ototoxicity of paclitaxel in rat cochlear organotypic cultures. Toxicol Appl Pharmacol. 2014; 280(3): 526-33.

American Cancer Society. Breast Cancer Treatment Guidelines [Internet]. Atlanta: American Cancer Society; 2022 [cited 2025 Jul 30]. Available from: https://www.cancer.org/cancer/breast-cancer/treatment.html

Smith L, et al. Therapeutic advances in HER2-positive breast cancer. Cancer Treat Rev. 2021; 95: 102179.

World Health Organization. Deafness and hearing loss [Internet]. Geneva: World Health Organization; 2021 [cited 2025 Jul 30]. Available from: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/deafness-and-hearing-loss

British Society of Audiology. Recommended Procedure: Clinical Application of Otoacoustic Emissions (OAEs) in Children and Adults. Bathgate (UK): British Society of Audiology; 2023. 31 p.

Gorga MP, Neely ST, Ohlrich B, Hoover BM, Redner J, Peters J. From laboratory to clinic: a large-scale study of distortion product otoacoustic emissions in ears with normal hearing and ears with hearing loss. Ear Hear. 1997; 18(6): 440–55.

American Cancer Society. Breast cancer treatment guidelines [Internet]. Atlanta: American Cancer Society; 2022 [cited 2025 Jul 30]. Available from: https://www.cancer.org/cancer/breast-cancer/treatment.html

World Health Organization. Global Cancer Observatory [Internet]. Lyon: International Agency for Research on Cancer; 2020 [citado 2025 jul 30]. Disponível em: https://gco.iarc.fr/

Rodrigues G, Souza M. Inequidades no acesso ao tratamento oncológico no Brasil. Saúde Debate. 2021; 45(3): 356–67.

Alves T, Freitas S. Câncer de mama em Sergipe: estimativas e estratégias de rastreamento. Rev Sergipana Saúde. 2023;15(1): 23–30.

Souza M, Lima T, Castro J. Histórico familiar e predisposição genética no câncer de mama. Genética Médica. 2020; 5(2): –64.

Silva G, Costa S. Impacto do atraso no diagnóstico do câncer de mama sobre o prognóstico. J Breast Cancer. 2021; 45(2): 87–92.

Li Y, Womer RB, Silber JH, Wallace DJ, Li H, Ginsberg JP, et al. Incidence of and risk factors for hearing loss among pediatric and adolescent patients treated with platinum-based chemotherapy. JAMA Netw Open. 2022; 5(4): e229146. doi:10.1001/jamanetworkopen.2022.9146.

Pereira R, Oliveira T, Souza J. Ototoxicity associated with doxorubicin chemotherapy: mechanisms and clinical impact. Audiol Neurootol. 2020; 25(2): -92.

Dong Y, Ding D, Jiang H, Shi JR, Salvi R, Roth JA. Ototoxicity of paclitaxel in rat cochlear organotypic cultures. Toxicol Appl Pharmacol. 2014 Nov 1; 280(3): 526-33. doi:10.1016/j.taap.2014.08.022.

De Ridder D, Vanneste S. Central Aspects of Tinnitus: Advances in Mechanisms and Neuromodulation. Brain Sci. 2024; 14(9): 889. doi:10.3390/brainsci14090889.

Lewis MS, Longenecker RJ, Galazyuk AV. Neural correlates of tinnitus duration and severity: insights from animal models. Hear Res. 2021; 404:108131. doi:10.1016/j.heares.2021.108131.

Kujawa SG, Liberman MC. Adding insult to injury: cochlear nerve degeneration after “temporary” noise-induced hearing loss. J Neurosci. 2009 Nov 11; 29(45):14077-85. doi:10.1523/JNEUROSCI.2845-09.2009.

Bramhall NF, McMillan GP. Cochlear synaptopathy and hidden hearing loss: a review of recent research and clinical implications. Hear Res. 2023; 425:108583. doi:10.1016/j.heares.2023.108583.

Rybak LP, Ramkumar V. Ototoxicity. Kidney Int. 2019; 96(1): 37-45. doi:10.1016/j.kint.2019.03.023.

Hinchcliffe R, Haggard M. The impact of hearing impairment. Br J Audiol. 2019; 53(6): 355–63.

Ciorba A, Bianchini C, Pelucchi S, Pastore A. The impact of hearing loss on the quality of life of elderly adults. Clin Interv Aging. 2012; 7:159–63.

Lin FR, Yaffe K, Xia J, et al. Hearing loss and cognitive decline in older adults. JAMA Intern Med. 2013; 173(4): 293–9.

Contrera KJ, Betz J, Deal JA, et al. Association of hearing impairment and mortality in older adults. JAMA Otolaryngol Head Neck Surg. 2015;141(10): 944–9.

Garnefski N, Kraaij V. Cognitive emotion regulation strategies and depressive symptoms: differences between males and females. Pers Individ Dif. 2007; 43(7): 1655–66.