O manhês e suas implicações para a constituição do sujeito na linguagem
Palavras-chave:
relações mãe-filho, linguagem, linguagem infantil.Resumo
Introdução: O manhês, enquanto forma melodiosa, ritmada, sintonizada e suave da voz que a mãe, ou quem exerça a função materna, endereça ao bebê e da resposta do bebê que a retroalimenta durante o processo de comunicação da díade, assume papel importante tanto nos estudos sobre a constituição psíquica quanto lingüística da criança. Neste artigo busca-se refletir sobre o tema, a partir da discussão de dois casos de bebês nos primeiros quatro meses de vida em interação com suas mães, nos quais uma díade apresenta o manhês e outra não, e analisar as implicações de tais diferenças como forma de detectar o risco para a aquisição da linguagem e para o desenvolvimento psíquico. Método: As díades foram filmadas em interação, nas quais as mães conversavam espontaneamente com seus bebês. Posteriormente, as filmagens foram transcritas e analisadas buscando-se analisar o uso do manhês, as respostas do bebê a ele e a interação mãe-bebê. Resultados: As díades apresentaram interações distintas. Na díade com o manhês presente ocorreu o mecanismo enunciativo de preenchimento de turno a partir do outro e sua passagem para o reconhecimento do que isso provoca no outro. Aos 13 meses foi possível observar neste bebê a emergência do mecanismo de co-referenciação. Na díade com ausência de manhês, observou-se que não há o preenchimento de turno pelo outro de modo sintonizado o que se materializa na ausência de uma protoconversação. Esse fato, somado a outros possíveis fatores biológicos deste bebê, parece estar correlacionado à presença de alguns índices de risco ao desenvolvimento e a não emergência do mecanismo de co-referenciação aos 15 meses por parte do mesmo. Conclusão: Os resultados sugerem que o manhês é elemento fundamental para a detecção de risco precoce ao desenvolvimento infantil e à aquisição da linguagem.Downloads
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