O jogo do verdadeiro e do falso em Umberto Eco. A propósito de O cemitério de Praga
Autores
Anne Begenat-Neuschäfer
Professora doutora do Institut für Anglistik, Amerikanistik und Romanistik, RWTH Aachen, Alemanha.
Palavras-chave:
Umberto Eco, Metaficção, Hibridismo, Mise en abîme, Leitor
Resumo
Este artigo analisa O Cemitério de Praga (2011), de Umberto Eco, com vistas ao projeto literário desse autor italiano cuja obra evidencia a intenção de ruptura com as formas e as categorias clássicas da prosa romanesca. Nessa perspectiva, a narrativa examinada admite várias classificações: antirromance, romance policial, trama histórica na qual se inserem documentos oficiais. Em sugestivo diálogo com narrativas folhetinescas de origem francesa, convergindo-se para autores oitocentistas como Eugène Sue e Alexandre Dumas, Eco explora a técnica do “coupe”, na medida em que confia a certos episódicos da intriga a tensão responsável por despertar no leitor a curiosidade para as próximas cenas do texto. Adicione-se ao negaceio do narrador, ao hibridismo de gêneros e estilos, à instauração do simulacro e à estratégia estrutural do mise en abîme, uma voz que contextualiza e traduz o ódio racial, a franco-maçonaria e o antissemitismo.
Biografia do Autor
Anne Begenat-Neuschäfer, Professora doutora do Institut für Anglistik, Amerikanistik und Romanistik, RWTH Aachen, Alemanha.
Profa. Dra. do Programa de Estudos Pós-graduados em Literatura e Crítica Literária da PUCSP.