Comprometida desde a Antiguidade Clássica com a retórica e às normas da oratória, a alegoria assemelhava-se a uma metáfora deslocada, primando pela correção e adequação do discurso. Essa finalidade foi transfigurada ao longo da Idade Média, vinculando-a ao decoro e à moral, convenção modificada no Romantismo quando a alegoria encontrou seu ocaso. A partir da leitura proposta por Walter Benjamin, sua existência foi apreendida como recurso elucidativo do universo estético à luz do tempo social, apresentada como figura de linguagem atrelada ao contexto histórico. Adotamos neste artigo a perspectiva dialética como caminho metodológico que ilustra com maior acuidade os novos contornos assumidos pela alegoria na modernidade. À luz das ações vivenciadas pelo homem em um mundo cambiante em seus valores, ela passa a ser vislumbrada como categoria indiciária da fragmentada representação da sociedade, permitindo compreender os limites da literatura como veículo na percepção da realidade.
Biografia do Autor
João Batista Pereira, UNILAB
Profesor Adjunto do Departamento de Letras da UNILAB