Entre liberdades e (in)subordinações: experiências de cicloentregadoras urbanas

Autores

  • Luiza Fleury de Freitas Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Engenharia, Programa de Pós-Graduação em Geotecnia e Transportes. Belo Horizonte, MG/Brasil. https://orcid.org/0009-0007-0677-0304
  • Leandro Cardoso Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Engenharia, Departamento de Engenharia de Transportes e Geotecnia, Programa de Pós-Graduação em Geotecnia e Transportes, Programa de Pós-Graduação em Geografia. Belo Horizonte, MG/Brasil. https://orcid.org/0000-0001-7133-5033

Palavras-chave:

bicicleta, cicloentregadoras, gênero, relações de poder, in)subordinação

Resumo

As cicloentregadoras estão localizadas na interseção entre uso de bicicleta, relações de gênero e atividade de entregas, podendo estar submetidas às relações de poder existentes em cada frente, de forma interligada. Este artigo investiga a influência dessas relações nas experiências de cicloentregadoras de Belo Horizonte e de São Paulo. Para tanto, foi realizada análise de conteúdo de entrevistas semiestruturadas com 14 entregadoras-ciclistas. Os resultados indicam a influência das relações de poder, em especial nas percepções de insegurança, e o aspecto provisório e complementar associado à atividade. Apesar disso, foi demonstrado, também, o potencial transformador da atividade, proporcionando uma experiência de grande valor no que diz respeito ao empoderamento feminino, à liberdade, à autonomia e à superação.

DOI:

https://doi.org/10.1590/2236-9996.2025-6363185-en

https://doi.org/10.1590/2236-9996.2025-6363185-pt

Referências

ABÍLIO, L. C. (2020). Uberização: a era do trabalhador just-in-time? Estudos Avançados, v. 34, n. 98. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/s0103-4014.2020.3498.008

ALIANÇA BIKE (2019). Pesquisa de perfil dos entregadores ciclistas de aplicativo. Disponível em: https://aliancabike.org.br/pesquisa-de-perfil-dos-entregadores-ciclistas-de-aplicativo/ Acesso em: 21 ago 2021.

ALTHEMAN, E. (2021). "Empreendedorismo de si no capitalismo de plataforma: um estudo com entregadores ciclistas em São Paulo". In: CALLIL, V.; COSTANZO, D. (org.). Desafio: estudos de mobilidade por bicicleta 4 São Paulo, Centro Brasileiro de Análise e Planejamento - Cebrap.

ANDRADE, V.; BASTOS, P.; MARINO, F. (2023). "Cyclelogistics and uberization". In: NOGUEIRA, M. A. F. (ed.). Alternative (Im)Mobilities Londres, Routledge.

BABB, C. (2021). "Making place in the car-dependent city". In: MULLEY, C.; NELSON, J. D. (ed.). Urban Form and Accessibility Amsterdã, Elsevier.

BARDIN, L. (2011). Análise de conteúdo São Paulo, Edições 70.

BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento; MDR - Ministério do Desenvolvimento Regional (2021). Mobilidade por bicicleta Brasília, Editora IABS.

BONHAM, J.; KOTH, B. (2022). "Walking, Cycling and Gendered Journeys of Working Lives". In: WRIGHT, T.; BUDD, L.; ISON, S. (ed.) Women, Work and Transport Bingley, Emerald Publishing Limited.

BRASIL (2020). Decreto n. 10.329, de 28 de abril. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/decreto/D10329.htm Acesso em: 16 ago 2021.

CHERON, C.; SALVAGNI, J.; COLOMBY, R. K. (2022). "Homem só respeita homem": quando o machismo invisibiliza duplamente o trabalho das entregadoras por plataformas. In: XLVI ENCONTRO DA ANPAD, 2022, on-line. Anais eletrônicos [...]. Maringá: Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, 2022, pp. 2177-2576. Disponível em: https://anpad.com.br/uploads/articles/120/approved/df308fd90635b28d82558cf580c73ed9.pdf Acesso em: 19 jan 2025.

DUARTE, J. (2005). "Entrevista em profundidade". In: DUARTE, J.; BARROS, A. (ed.). Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação São Paulo, Atlas.

FERGUSON, J. M. (2016). Discreet to excrete in the concrete jungle: women bike messengers and their inventive urban strategies in three US cities. Gender, Place & Culture DOI: http://dx.doi.org/10.1080/0966369X.2016.1263602

FLEMING, J. E. (2015). The bicycle boom and women's rights. The Gettysburg Historical Journal, v. 14, n. 3, pp. 13-26.

FUNDACIÓN MAPFRE; LABMOB (2021). Segurança viária e ciclologística: desafios e oportunidades no Brasil. Disponível em: https://documentacion.fundacionmapfre.org/documentacion/publico/es/media/group/1113978.do Acesso em: 19 abr 2023.

GARRARD, J. (2021). "Women and Cycling: Addressing the Gender Gap". In: BUEHLER, R.; PUCHER, J. (ed.). Cycling for sustainable cities Cambridge, Massachusetts, The MIT Press.

GRAYSTONE, M.; MITRA, R.; HESS, P. M. (2022). Gendered perceptions of cycling safety and on-street bicycle infrastructure: bridging the gap. Transportation Research Part D, v. 105. DOI: https://doi.org/10.1016/j.trd.2022.103237

GREED, C. H. (2006). Making the divided city whole: Maistreaming gender into planning in the United Kingdom. Tijdschrift voor Economische em Sociale Geografie, v. 97, n. 3, pp. 267-280. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1467-9663.2006.00519.x

HANSMANN, K. J.; GRABOW, M.; MCANDREWS, C. (2022). Health equity and active transportation: a scoping review of active transportation interventions and their impacts on health equity. Journal of Transport & Health, v. 25. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jth.2022.101346

HANSON, S. (2010). Gender and mobility: new approaches for informing sustainability. Gender, Place & Culture, v. 17, n. 1, pp. 5-23. DOI: https://doi.org/10.1080/09663690903498225

HARKOT, M. K. (2019). Mulheres e bicicletas em São Paulo: reflexões sobre gênero, mobilidade ativa e desigualdades no uso do espaço urbano. In: XVIII ENANPUR, Natal.

HARKOT, M. K.; LEMOS, L. L.; SANTORO, P. F. (2021). "Can a safe cycling city be an inclusive cycling city? Findings on gendered cycling from São Paulo, Brazil". In: ZUEV, D.; PSARIKIDOU, K.; POPAN, C. (ed.). Cycling Societies: Innovations, Inequalities and Governance Oxon; Nova York, Routledge.

KENT, J. (2021). "Transport, access, and health". In: MULLEY, C.; NELSON, J. D. (ed.). Urban form and accessibility Amsterdã, Elsevier.

KERN, L. (2021). Cidade feminista: a luta pelo espaço em um mundo desenhado por homens Rio de Janeiro, Oficina Raquel.

LABMOB; ALIANÇA BIKE (2020). Ciclologística no Brasil - Relatório técnico. Disponível em: https://bit.ly/3DbH49a Acesso em: 21 ago 2021.

LEFEBVRE, H. (2011). O direito à cidade São Paulo, Centauro.

LEVY, C. (2013). Travel choice reframed: "deep distribution" and gender in urban transport. Environment & Urbanization, v. 25, n. 1, pp. 47-63. DOI: https://doi.org/10.1177/0956247813477810

LYRA, L. E. G. (2017). Por onde caminham as mulheres? Apontamentos sobre gênero e justiça socioespacial na Região Metropolitana de Belo Horizonte. In: 2nd LATIN AMERICA DIVISION CONFERENCE - Urbanisation in Latin America, São Paulo.

MACÊDO, B. et al. (2020). Caracterização das diferenças no padrão de mobilidade de mulheres e homens em grandes cidades brasileiras. Transportes, v. 28, n. 4. DOI: https://doi.org/10.14295/transportes.v28i4.2410

MINARELLI, G. N. (2020). "Entrega por bicicleta em São Paulo: mercado, trabalho e práticas ciclísticas". In: CALLIL, V.; COSTANZO, D. (org.). Desafio: estudos de mobilidade por bicicleta 3 São Paulo, Centro Brasileiro de Análise e Planejamento - Cebrap.

MIZDRAK, A. et al. (2019). Potential of active transport to improve health, reduce healthcare costs, and reduce greenhouse gas emissions: a modelling study. PLoS ONE, v. 14, n. 7. DOI: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0219316

MUXÍ MARTÍNEZ, Z.; CIOCOLETTO, A. (2009). Catalonian neighbourhood development law: the gender perspective as a planning tool. In: 4th INTERNATIONAL CONFERENCE OF THE INTERNATIONAL FORUM ON URBANISM (IFoU), pp. 1331-1338, Amsterdam.

ORTIZ ESCALANTE, S. (2017). El lado nocturno de la vida cotidiana: un análisis feminista de la planificación urbana nocturna. Kult-Ur, v. 4, n. 7, pp. 55-78. DOI: http://dx.doi.org/10.6035/Kult-ur.2017.4.7.2

RAVENSBERGEN, L.; BULIUNG, R.; LALIBERTÉ, N. (2019). Toward feminist geographies of cycling. Geography Compass DOI: https://doi.org/10.1111/gec3.12461

RECK, Y. (2022). "Mulheres e cicloentregas: um estudo de caso sobre o coletivo Señoritas Courier". In: CALLIL, V.; COSTANZO, D. (org.). Desafio: estudos de mobilidade por bicicleta 5 São Paulo, Centro Brasileiro de Análise e Planejamento - Cebrap.

SCHLIWA, G.; ARMITAGE, R.; AZIZ, S.; EVANS, J.; RHOADES, J. (2015). Sustainable city logistics - Making cargo cycles viable for urban freight transport. Research in Transportation Business & Management DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.rtbm.2015.02.001

SOARES, P. E.; ARAÚJO, A. C. M.; PEREIRA, E. F. S. F. (2021). A invisibilidade das entregadoras de aplicativo: a uberização como elemento de precarização da divisão sexual do trabalho. Brazilian Journal of Development, v. 7, n. 5. DOI: https://doi.org/10.34117/bjdv7n5-519

SOTO VILLAGRÁN, P. (2017). Diferencias de género en la movilidad urbana. Las experiencias de viaje de mujeres en el Metro de la Ciudad de México. Revista Transporte y Territorio, n. 16, pp. 127-146. Disponível em: http://revistascientificas.filo.uba.ar/index.php/rtt/article/view/3606/3301

STROOPE, J. (2021). Active transportation and social capital: The association between walking or biking for transportation and community participation. Preventive Medicine, v. 150. DOI: https://doi.org/10.1016/j.ypmed.2021.106666

VALDIVIA, B. G. (2018). Del urbanismo androcéntrico a la ciudad cuidadora. Hábitat y Sociedad, n. 11, pp. 65-84. DOI: http://dx.doi.org/10.12795/HabitatySociedad.2018.i11.05

VALENTINE, G. (1989). The Geography of Women's Fear. Area, v. 21, n. 4, pp. 385-390.

WRI Brasil (2021). Ruas completas no Brasil: promovendo uma mudança de paradigma. Disponível em: https://www.wribrasil.org.br/publicacoes/ruas-completas-no-brasil Acesso em: 5 abr 2023.

YOUNG, I. M. (1980). Throwing like a girl: a phenomenology of feminine body comportment, motility, and spatiality. Human Studies, n. 3, pp. 137-156.

Publicado

2025-04-30