Do empreendedorismo às utopias: apropriação heterotópica do Rio de Janeiro pós megaeventos

Autores

Palavras-chave:

megaeventos, heterotopias, produção do espaço urbano, direito à cidade, Rio de Janeiro

Resumo

Este artigo tem como objetivo analisar a apropriação do espaço olímpico carioca no contexto pós-olímpico segundo a produção do espaço de Lefebvre (2002) e sua divisão entre isotopias, heterotopias e utopias. Indica-se o contexto do “empreendedorismo urbano” nos processos de intervenção urbana na cidade, buscando-se atração do capital com políticas que privilegiaram um pequeno grupo social e, em contraponto, os conflitos que reivindicaram, de certa forma, o direito à cidade. Observaram-se diferentes formas de apropriação dos espaços e equipamentos relacionados aos megaeventos do Rio de Janeiro, especialmente por parte da população local no contexto de pandemia de Covid-19. Indica-se a possibilidade de que essas heterotopias possam se transformar em possibilidades alternativas de um projeto utópico para a cidade.

DOI:

https://doi.org/10.1590/2236-9996.2025-6363788-en

https://doi.org/10.1590/2236-9996.2025-6363788-pt

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Publicado

2025-04-30