Percepções e Expectativas de Apoio Social em Casais Homossexuais Habilitados para Adoção
Palavras-chave:
Adoção, Família, Homoparentalidade, Redes SociaisResumo
O presente estudo teve por objetivo compreender as percepções e as expectativas de apoio social de casais homossexuais (gays e lésbicas) habilitados para adoção de uma criança. Realizou-se um estudo de caso coletivo com três casais que estavam habilitados, por meio do Sistema Nacional de Adoção (SNA), para adoção de uma criança de zero a seis anos. Os instrumentos utilizados foram um questionário de dados sociodemográficos, o Inventário de Percepção de Suporte Familiar (IPSF) e uma entrevista semiestruturada. A entrevista foi transcrita e analisada com base na análise temática e os dados foram triangulados com o IPSF. Os resultados indicaram três principais fontes de apoio aos participantes: (i) o parceiro; (ii) a família de origem; e (iii) os amigos ou colegas de trabalho. Em todos os casos, cônjuge e amigos foram reconhecidos como vínculos de apoio no momento de decisão e espera pela adoção; em dois casos, no entanto, havia pouca percepção de apoio familiar. A expectativa de receber apoio para o desempenho da parentalidade com a chegada da criança foi reconhecida em alguns casos. Ampliar o conhecimento sobre os casais homossexuais que optam pela adoção pode orientar a prática dos profissionais que os acolhem no âmbito jurídico.
Referências
Amazonas, M., Veríssimo, H., & Lourenço, G. (2013). A adoção de crianças por gays. Psicologia & Sociedade, 25(3), 631-641. https://doi.org/10.1590/S0102-71822013000300017.
Anoreg. (2021). Associação dos Notários e Registradores do Brasil. Recuperado de https://www.anoreg.org.br/site/
Baptista, M. (2007). Inventário de percepção de suporte familiar (IPSF): estudo componencial em duas configurações. Psicologia: Ciência E Profissão, 27(3), 496-509. https://doi.org/10.1590/S1414-98932007000300010
Blankenheim, T., Menegotto, & da Silva, D. (2018). Homoparentalidade: um diálogo com a produção acadêmica no Brasil. Fractal: Revista de Psicologia [online], 30(2), 243-249. https://doi.org/10.22409/1984-0292/v30i2/5560
Braun V., Clark, V., Hayfield, N., & Terry, G. (2019). Thematic Analysis. In P. Liamputtong (Ed.). Handbook of Research Methods in Health Social Sciences. Singapore: Springer.
Conselho Nacional de Saúde. Resolução n. 510, de 07 de abril de 2016. (2016, 07 de abril). Dispõe sobre as normas aplicáveis a pesquisas em Ciências Humanas e Sociais. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF. Recuperado de http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2016/Reso510.pdf
Farr, R. H., Bruun, S. T., & Patterson, C. J. (2019). Longitudinal associations between coparenting and child adjustment among lesbian, gay, and heterosexual adoptive parent families. Developmental Psychology, 55(12), 2547-2560. https://doi.org/10.1037/dev0000828
Farr, R. H., & Patterson, C. J. (2013). Coparenting among lesbian, gay, and heterosexual couples: Associations with adopted children’s outcomes. Child Development, 84(4), 1226-1240. https://doi.org/10.1111/cdev.12046
Feinberg, M; E. (2003). The internal structure and ecological context of coparenting: a framework for research and intervention. Parenting: Science andPractice, 3(2), 95-131. https://doi.org/10.1207/S15327922PAR0302_01
Gonçalves, M., Baptista, M., & Farcas, D. (2016). IPSF: análise da estrutura interna em uma amostra de jovens adultos portugueses. Revista Avaliação Psicológica, 15(1), 115-123. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-04712016000100013&lng=en&tlng=pt
Hartinger-Saunders, R. M., Trouteaud, A., & Johnson, J. M. (2015). Post adoption service need and use as predictors of adoption dissolution: Findings from the 2012 National Adoptive Families Study. Adoption Quarterly, 18(4), 255-272. https://doi.org/10.1080/10926755.2014.895469
Henwood, K., & Pidgeon, N. (2010). A teoria fundamentada. In G. M. Breakwell, C. Fife-Schaw, S. Hammond, J. A. Smith. (Eds.), Métodos de Pesquisa em Psicologia (3ª ed., pp. 340-361). Porto Alegre, Brasil: Artmed.
Herbrand, C. (2018). Ideals, negotiations and gender roles in gay and lesbian co-parenting arrangements. Anthropology & Medicine, 25(3), 311-328. https://doi.org/10.1080/13648470.2018.1507484
Hoghughi, M. (2004). Parenting – An introduction. In M. Hoghughi & N. Long (Eds.), Handbook of parenting: theory and research for practice (pp. 7-28). London, UK: SAGE Publications.
Itaboraí, N. R. (2017). Mudanças nas famílias brasileiras (1976-2012): Uma perspectiva de classe e gênero. Rio de Janeiro: Garamond.
Kindle, P. A., & Erich, S. (2005). Perceptions of Social Support among Heterosexual and Homosexual Adopters. Families in Society, 86(4), 541-546. https://doi.org/10.1606/1044-3894.3459
Lavner, J., Waterman, J., & Peplau, L. (2014). Parent adjustment over time in gay, lesbian, and heterosexual parent families adopting from foster care. American Journal Of Orthopsychiatry, 84(1), 46-53. https://doi.org/10.1037/h0098853
Machin, R. (2016). Homoparentalidade e adoção: (re)afirmando seu lugar como família. Psicologia & Sociedade, 28(2), 350-359. https://doi.org/10.1590/1807-03102016v28n2p350
Mata, J. J. da, Santos, M. A. dos, & Scorsolini-Comin, F. (2020). Conjugalidade e parentalidade em casais homossexuais e heterossexuais: revisão integrativa da literatura. Pensando famílias, 24(2), 32-45. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-494X2020000200004&lng=pt&tlng=pt
McGoldrick, M. & Shibusawa, T. (2016). O ciclo vital familiar. In F. Walsh (Org.), Processos normativos da família: diversidade e complexidade (4ª ed., pp. 375-398). Porto Alegre: Artmed.
Meletti, A., & Scorsolini-Comin, F. (2015). Conjugalidade e Expectativas em Relação à Parentalidade em Casais Homossexuais. Psicologia – Teoria E Prática, 17(1), 37-49. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-36872015000100004&lng=pt&tlng=pt
Mercon-Vargas, E., Bussinger, R. V., & Rosa, E. M. (2020). Parentalidade adotiva: Um estudo de caso longitudinal com famílias homoafetivas e heteroafetivas. Salud & Sociedad, 11, e3833-e3833. https://doi.org/10.22199/issn.0718-7475-2020-0002
Moré, C. L. O. O., & Crepaldi, M. A. (2012). O mapa de rede social significativa como instrumento de investigação no contexto da pesquisa qualitativa. Nova Perspectiva Sistêmica, 43, 84-98. Recuperado de https://www.revistanps.com.br/nps/article/view/265
Morelli, A. B., Scorsolini-Comin, F., & Santeiro, T. V. (2015). O “lugar” do filho adotivo na dinâmica parental: revisão integrativa de literatura. Psicologia Clínica, 27(1), 175-194. https://doi.org/10.1590/0103-56652015000100010
Pereira, E., & Ciríaco, K. T. (2020). Relação família homoparental-escola: o que acontece quando dois homens adotam crianças? Perspectivas em Diálogo: Revista de educação e sociedade, 7(14), 248-279. Recuperado de https://periodicos.ufms.br/index.php/persdia/article/view/8081
Rosa, J. M., Melo, A. K., Boris, G. D. J. B., & Santos, M. A. dos. (2016). A Construção dos Papéis Parentais em Casais Homoafetivos Adotantes. Psicologia: Ciência e Profissão, 36(1), 210-223. https://doi.org/10.1590/1982-3703001132014
Schwochow, M. S., & Frizzo, G. B. (2021). Mulheres em Espera pela Adoção: Sentimentos Apresentados nas Diferentes Etapas Desse Processo. Psicologia: Ciência e Profissão, 41(n.spe 3), e201165, 1-15. https://doi.org/10.1590/1982-3703003201165
Silva, P. S., Silva, E. X. de L., Lopes, R. de C. S., & Frizzo, G. B. (2017). Diferentes configurações familiares de candidatos à adoção: Implicações para os processos de habilitação. Estudos de Psicologia (Natal), 22(4), 412-421. https://dx.doi.org/10.22491/1678-4669.20170042
Silva, P. S. da, Machado, M. S., Silberfarb, M. S., Machemer, R. S., Santos, A. T. R. dos, Chaves, V. P., & Frizzo, G. B. (2022). (Re)construindo vínculos: relato de experiência de um grupo de apoio à adoção. Revista da SPAGESP, 23(1), 175-190. https://doi.org/10.32467/issn.2175-3628v23n1a14
Stake. R. E. (2006). Case studies. In Denzin, N. K. & Lincoln, Y. S. (Eds.), Handbook of qualitative research (pp. 435-454). London: SAGE Publications.
Supremo Tribunal Federal (STF). (2011). Supremo reconhece união homoafetiva. Recuperado de http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=178931&caixaBusca=N
Suárez, M. C., Trujillo, M. P. S., & Chavarría, E. F. V. (2018). Familia homoparental, dinámicas familiares y prácticas parentales. Latinoamericana de Estudios de Familia, 10(2), 51-70. https://doi.org/10.17151/rlef.2018.10.2.4
Sumontha, J., Farr, R. H., & Patterson, C. J. (2016). Social support and coparenting among lesbian, gay, and heterosexual adoptive parents. Journal of Family Psychology, 30(8), 987-996. https://doi.org/10.1037/fam0000253
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Mônica Sperb Machado, Eduarda Lauryn Manoel Soares, Aline Talita Rosa dos Santos , Adolfo Pizzinato, Giana Bitencourt Frizzo

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
