Direito do trabalho

Uma lógica jurídica burguesa e a cooptação da luta por direitos

Autores

Palavras-chave:

Direito do trabalho, Desigualdades sociais, PL 12/2024

Resumo

A pesquisa analisa a relação entre a classe burguesa, a classe proletária e o direito do trabalho, com base nas contribuições teóricas de Karl Korsch e Bernard Edelman. A metodologia empregada consistiu em uma revisão bibliográfica, análise documental, análise crítica, comparação de perspectivas, análise crítica da igualdade jurídica e do Projeto de Lei 12/2024 que dispõe sobre a regularização do trabalho realizado por meio de aplicativos por motoristas de transporte privado individual de passageiros. Na revisão bibliográfica, foram exploradas as obras de Korsch e Edelman, como "Lucha de clases y derecho de trabajo" e "A legalização da classe operária", a fim de compreender suas visões e argumentos fundamentais. Em seguida, a análise documental examina os textos legais relevantes, como a CLT brasileira e as alterações dirigidas pela Reforma Trabalhista de 2017, identificando as disposições que promovem a ideia de livre contrato e recebidos que permitem a livre estipulação entre empregador e empregado. A análise crítica confronta as informações coletadas na revisão bibliográfica e na análise documental com o contexto social e econômico atual. Foram discutidos conceitos como livre contrato, igualdade jurídica, exploração e desigualdade de direitos à luz das teorias de Korsch e Edelman. A pesquisa também comparou as concepções da classe burguesa e da classe trabalhadora em relação ao direito do trabalho. Foi investigado como a classe burguesa entende o direito do trabalho como um mero contrato, enquanto a classe proletária o concebe como uma constituição do trabalho. Essas diferentes perspectivas foram mantidas em relação à lógica jurídica burguesa e às relações de poder na sociedade capitalista. Uma análise crítica da igualdade jurídica revelou que essa ideologia é apenas formal, não garantindo igualdade substantiva entre a classe burguesa e a classe proletária. Foi discutido como essa ideologia responsabiliza o trabalhador por sua própria miséria, ignorando as desigualdades e a exploração inerente ao sistema capitalista. Eles se destacam como características da lógica burguesa no direito do trabalho e suas faculdades na perpetuação das relações de poder e desigualdades sociais. Além disso, apontar caminhos possíveis para a transformação dessas relações e busca por uma maior igualdade substantiva no campo do direito do trabalho. A pesquisa contribui para a compreensão crítica das relações sociais e jurídicas no contexto do trabalho, ressaltando a necessidade de uma abordagem mais equitativa e justa.

Biografia do Autor

Francisca Vilandia de Alencar, Universidade Federal de Goiás (UFG)

Doutoranda no programa de Pós-graduação stricto sensu em História (PPGH) da Universidade Federal de Goiás (UFG). Mestra no programa de Pós-graduação stricto sensu em História (PPGHIS) da Universidade Estadual de Goiás (UEG). Advogada inscrita nos quadrados da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Ceará sob o nº 40.224/CE. Pesquisadora junto ao grupo de pesquisa Capitalismo e História - Instituições, Cultura e Classes Sociais (UFG), link: dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/6757125856084318. Bem como ao Grupo de Pesquisa História, Intelectuais e Ideologias (GPHII) vinculado a UEG, link: dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/7614565125241708. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/2655669818477435. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0453-8388 . E-mail: vilandiaalencar01@gmail.com

Rodrigo Jurucê Mattos Gonçalves, Universidade Estadual de Goiás (UEG)

Doutor, mestre e licenciado em História. Estágio de pós-doutorado realizado junto do PPGH/UFG (2018-2021). Professor do Curso de História da Universidade Estadual de Goiás (UEG) e do Programa de Pós-Graduação em História: Cultura e Sociedade, nível mestrado (PPGHIS/UEG). Linhas de pesquisa: História das ideias e dos intelectuais; Estado e poder; História do Brasil-República; Marxismo. Autor dos livros: "Os juristas orgânicos da Ditadura e a Revista Brasileira de Filosofia (1964-1968)" (2022), "A restauração conservadora da filosofia: o Instituto Brasileiro de Filosofia e a autocracia burguesa no Brasil (1949-1964)" (2020) e "História fetichista: o aparelho de hegemonia filosófico Instituto Brasileiro de Filosofia/Convivium (1964-1985)" (2017). Coorganizador da coleção "Tempos Conservadores: estudos críticos sobre as direitas". Coorganizador do livro "Intelectuais, política e conflitos sociais" (2020). Membro das redes internacionais de pesquisa: "Direitas, História e Memória" (DHM) e "Red Latinoamericana y Caribeña de Estudios Gramscianos". Líder do Grupo de Pesquisa História, Intelectuais e Ideologias (CNPq).

E-mail: rodrigo.goncalves@ueg.br

Lattes:  http://lattes.cnpq.br/2132772642943343

ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3736-4804

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Publicado

2025-04-27