A produção do gay padrão contemporâneo no Brasil como fenômeno biopolítico normatizador

Autores

Palavras-chave:

Homossexualidade, Masculinidades, Biopolítica

Resumo

O presente artigo visa aprofundar a análise teórica sobre a biopolítica foucaultiana e sua contribuição para a compreensão das homossexualidades no final do século XX, no Brasil, especialmente o seu papel na fabricação do gay padrão, viril, masculino, cisgênero e na sua inserção humanizada na sociedade. Esse processo normatizador e normalizador produziu uma norma de ser gay aceitável socialmente e fez parte de um fenômeno biopolítico transnacional. Ao empreender a investigação dos vestígios e das tecnologias de poder presentes na imprensa e na mídia, analisaram-se as produções de subjetividades, corporalidades e identidades de gênero sobre sujeitos que possuíam suas próprias singularidades marcadas por traços históricos e culturais do contexto brasileiro, bem como pelas transformações sociais, políticas e econômicas ocorridas no período.

Biografia do Autor

Leonardo da Silva Martinelli, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Doutor em História pela Universidade Federal de Santa Catarina. Pesquisador do Laboratório de Estudos de Gênero e História (LEGH/UFSC). Integrante da Rede de Historiadores e Historiadoras LGBTQIA+. 

Rogério Luiz Klaumann de Souza, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Professor titular do Departamento e Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Santa Catarina. 

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Publicado

2025-04-27