Manuel Vicente Alves, o doutor Jacarandá
Desafios raciais e práticas jurídicas no Rio de Janeiro da Primeira República
Palavras-chave:
Manuel Alves, Doutor Jacarandá, racismo, cidadaniaResumo
A partir das observações do sociólogo Pierre Bourdeu quanto a “ilusão biográfica”, o presente artigo visa analisar a trajetória do advogado e político negro Manuel Vicente Alves, mais conhecido popularmente como Doutor Jacarandá no Rio de Janeiro das primeiras décadas do século XX. Apesar de aparecer em verbetes dos dicionários compilados pelo cientista social Nei Lopes e os historiadores Flávio Gomes e Lilia Schwarcz, Doutor Jacarandá merece uma atenção maior dos historiadores, pois foi um homem negro que marcou presença em um mercado de trabalho composto majoritariamente por homens brancos e de elite. Apesar das tensões raciais de seu tempo, no mercado advocatício carioca, Manuel Alves não “soube seu lugar” de preto, ao contrário, fez do fórum um lugar de fala jurídica em favor de trabalhadores e trabalhadoras de baixa renda do Rio de Janeiro, de luta antirracista e afirmação social e profissional diante o racismo e preconceito da imprensa. Como nos sugerem os pesquisadores Lélia Gonzáles e Carlos Hasenbalg, este lugar de fala do causídico deixou de ser um lugar de opressão branca para se transformar em um lugar de protagonismo negro.
Referências
Fontes
Documentos Judiciais
Arquivo Nacional Fundo 6Z 3º Pretoria Criminal do Rio de Janeiro. Freguesia de Santana e Espírito Santo
Processo Criminal – Código Penal de 1890, artigo 303. BR RJANRIO 6Z.0.PCR.134565.
Processo Criminal – Código Penal de 1890, artigo 303. BR RJANRIO 6Z.0.PCR.16223
Legislação Brasileira
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Periódicos
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