Entre queremistas e comunistas
Os trabalhadores urbanos na disputa pelo controle da democratização (1943-1946)
Palavras-chave:
Democratização, Democracia, Trabalhadores urbanos, PCBResumo
Este artigo procura contrapor uma tese hegemônica sobre a democratização do Estado brasileiro (1943-1946). Conduzindo uma análise da formação do regime democrático a partir da investigação do conflito travado no âmbito da sociedade civil, com ênfase na atividade política promovida pelo PCB, demonstro que havia três projetos de democratização em disputa, e não apenas dois, como prevalece no debate acadêmico. Ao explicar que o processo não estava restrito a duas opções de transição “pelo alto”, apresento as iniciativas realizadas pelos trabalhadores urbanos com o intuito de disputar o controle da democratização e detalho como elas influenciaram a formação da democracia que vigorou durante a República de 46. Desta forma, trago novos fatores para justificar por que o conflito se intensificou depois da queda de Vargas e seguiu em vigência mesmo após a conclusão da transição.
Referências
ALEM, S. F. Os trabalhadores e a “redemocratização”: (estudo sobre o estado, partidos e a participação dos trabalhadores assalariados urbanos na conjuntura da guerra e do pós-guerra imediato) 1942-1948. Dissertação – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1981.
ALMEIDA JR., A. M. de. Do declínio do Estado Novo ao suicídio de Getúlio Vargas. In: FAUSTO, B. (Dir.). História Geral da Civilização Brasileira. São Paulo: Difel, 1983. v.3. t. 3, p.247.
ALMINO, J. Democratas autoritários. Liberdades individuais, de associação política e sindical na Constituinte de 46. São Paulo: Brasiliense, 1980.
BENEVIDES, M. A UDN e o udenismo: ambiguidades do liberalismo brasileiro (1945-1964). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.
BIGNOTTO, N. O Brasil à procura da democracia: da Proclamação da República ao século XXI. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020.
BRANDÃO, G. M. Partido Comunista, capitalismo e democracia. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo. 1992.
CALIL, G. G. Reflexões sobre a historiografia da redemocratização brasileira de 1945. Revista Tempos Históricos, v. 3, n. 1, 2001.
CARONE, E. O Estado Novo (1937-1945). São Paulo: Difel, 1976.
COSTA, H. Em busca da memória: Comissão de fábrica, partido e sindicato no pós-guerra. São Paulo: Editora Página Aberta, 1995.
DEL ROIO, M. Os Comunistas na Revolução Burguesa (1928-1948). In: SECCO, L.; PERICÁS, L. (Orgs.). História do PCB. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2022.
FERREIRA, J.; DELGADO, L. (Org.). O imaginário trabalhista: getulismo, PTB e cultura política popular. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.
GOMES, Â. de C. A invenção do trabalhismo. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005.
GOMES, Â.; FERREIRA, J. Brasil, 1945-1964: uma democracia representativa em consolidação. Locus: Revista de História, Juiz de Fora, v. 24, n. 2, 2018.
HIRST, P. A democracia representativa e seus limites. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.
LEFORT, C. A invenção democrática: os limites da dominação totalitária. São Paulo: Brasiliense, 1983.
MACEDO, M. O movimento queremista e a democratização de 45. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2013.
MARANHÃO, R. Sindicatos e democratização. São Paulo: Brasiliense, 1979.
PINHEIRO, M. C. de O. O MUT e a luta do PCB pela hegemonia no movimento operário: conciliação e conflito. 2004. Monografia (História) – Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2004.
PRESTES, A. L. Os comunistas brasileiros (1945-1956/58): Luiz Carlos Prestes e a política do PCB. São Paulo: Brasiliense, 2010.
PRESTES, A. L. Centenário do PCB: os comunistas e o “queremismo”. Blog da Boitempo, 23/11/2022. Disponível em: https://blogdaboitempo.com.br/2022/11/23/centenario-do-pcb-os-comunistas-e-o-queremismo
PRESTES, L. C. Problemas atuais da democracia. Rio de Janeiro: Vitória, 1947.
RIBEIRO, D. A transição para a democracia no Brasil (1943-1946): o PCB e a construção de um caminho alternativo. São Paulo: Alameda, 2023.
RODRIGUES, Leôncio Martins. O PCB: os dirigentes e a organização. In: FAUSTO, B. (Org.). O Brasil Republicano. V. 8. Sociedade e Política (1930-1964). São Paulo: Difel, 1981.
SANTANA, M. A. Bravos companheiros: a aliança comunista-trabalhista no sindicalismo brasileiro. In: FERREIRA, J.; REIS, D. (Org.). Nacionalismo e reformismo radical (1945-1964). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.
SEGATTO, J. A. PCB: a questão nacional e a democracia. In: DELGADO, L.; FERREIRA, J. (Org.). O tempo da experiência democrática: da democratização de 1945 ao golpe civil-militar de 1964. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
SILVA, F. T.; SANTANA, M. A. O Equilibrista e a Política: o Partido da Classe Operária (PCB) na Democratização (1945/1964). In: FERREIRA, J.; REIS, D. A. (Org.). As Esquerdas no Brasil. Democracia e Reformismo Radical (1945-1964). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.
SOUZA, E. Trabalho, Política e Cidadania: trabalhadores, sindicatos e lutas por direitos (Bahia 1945-1950). Tese (Doutorado em História) — Universidade Federal da Bahia, Bahia, 2015.
SOUZA, M. C. de. Estado e Partidos Políticos no Brasil. São Paulo: Alfa-Omega, 1976.
SPINDEL, A. O Partido Comunista na gênese do populismo. São Paulo: Símbolo, 1980.
VIANNA, L. W. Liberalismo e sindicato no Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.
VITULLO, G. E. Além da transitologia e da consolidologia: um estudo da democracia argentina realmente existente. Tese (Doutorado em Ciência Política) — Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2005.
WEFFORT, F. Origens do sindicalismo populista no Brasil. A conjuntura do após-guerra. In: Estudos CEBRAP, n. 4, abr-jun. 1973.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Projeto História : Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados de História

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.