Manual da boa meretriz
Lei, moral, saúde pública e controle da prostituição no século XIX
Palavras-chave:
Punição, Polícia Médica, Regulamentação, Meretrizes, Medicina, Portugal, século XIXResumo
Este artigo analisa o manuscrito apócrifo de 1839, “Método de atalhar a propagação de sífilis nas casas públicas de prostituição…", que propõe a regulamentação da prostituição em Portugal no século XIX. Médicos e legisladores identificavam as prostitutas como principais vetores da sífilis, justificando práticas de vigilância e punição baseadas no higienismo. O manuscrito sugere medidas como exames ginecológicos obrigatórios, internação em casas de correção e castigos físicos, combinando saúde, polícia e moralidade. Essas propostas evidenciam o controle rigoroso dos corpos femininos, demostrando como o temor ao contágio influenciou o discurso médico e as políticas sociais da época.
Referências
ANTUNES, J. L. F. Medicina, leis e moral: pensamento médico e comportamento no Brasil (1870-1930). São Paulo: Universidade de São Paulo, 1998.
ANÔNIMO. Methodo de atalhar a propagação da Syphilis nas casas públicas de prostituição, estabelecendo regras policiaes regulamentares em harmonia com os novos costumes, instituições, tendentes a melhorar a saude e a moral pública. Lisboa: [s.n.], 1839.
BARREIROS, B. Nas fronteiras da exclusão: prostituição e marginalidade em finais do antigo regime. Revista de História das Ideias, 2ª série, v. 35, 2017.
CANAS, A. C. Real Fábrica da cordoaria. Academia das Ciências de Lisboa (ACL), 2015.
CARMO, P. S. Entre a luxúria e o pudor: A história do sexo no Brasil. São Paulo: Octavo, 2011.
FAVARO, R. A. S. Higienizando Meretrizes: Controle e institucionalização de corpos femininos em um manual de conduta sanitária para casas de prostituição (1839). Dissertação (Mestrado em História) — Universidade Estadual de Maringá, Maringá, Brasil, 2024.
FOUCAULT, M. Microfísica do poder. 12ª ed. Rio de Janeiro: Graal, 1979.
FOUCAULT, M. Vigiar e punir: Nascimento da prisão. 42ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.
KENNEDY-CHURNAC, Y. A. The Weight of Words: Discourse, Power and the 19th Century Prostitute. CMC Senior Theses. Paper 93, 2011.
MACHADO, R.; LOUREIRO, A.; LUZ, R.; MURICY, K. Danação da norma: Medicina social e constituição da psiquiatria no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1978.
MAHOOD, L. The Magdalennes: prostitution in the nineteenth century. New York: [s.n.], 2013.
MANTOVANI, R. O que foi a polícia médica? História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 25, n. 2, p. 409–427, abr. 2018.
PERROT, M. Mulheres públicas. 2ª ed. São Paulo: Unesp, 1998.
ROSEN, G. Uma história da saúde pública. 2ª ed. São Paulo: Unesp, 1994.
SILVA, S. Classificar e silenciar: vigilância e controle institucionais sobre a prostituição feminina em Portugal. Análise Social, v. XLII, n. 184, 2007. pp. 789-810.
SOARES, J. P. de F. Tratado de Polícia Médica. Lisboa: Academia Real de Ciências, 1818.
SOUZA, A. R. Legislação, sexualidade e prostituição: práticas jurídicas no Portugal moderno. Revista Ars Historica, n. 13, jul./dez. 2016. pp. 62-77.
SUBTIL, C. L. L. A saúde e os enfermeiros entre o Vintismo e a Regeneração (1821-1852). Porto: Universidade Católica, 2016. Disponível em: https://www.repositorio.ucp.pt.
VIGARELLO, G.; AUN KHOURY, T. Y. O trabalho dos corpos e do espaço. Projeto História: Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados de História, [S. l.], v. 13, 2012.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Projeto História : Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados de História

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.