A educação como experiência recíproca de reconhecimento
contribuições da antropologia filosófica ricoeuriana para a filosofia da educação
Palavras-chave:
Reconhecimento, Educação, Língua da escolaResumo
Paul Ricoeur escreveu pouco sobre a educação, mas sua filosofia, ao que nos parece, tem muito a dizer sobre seus principais problemas. A escrita aberta, preocupada com as questões de seu tempo; o debruçar-se sobre antinomias e paradoxos para mover o pensamento; e sua condição de professor, que sempre o impeliu a uma escrita que conduz, são algumas das características que tornam a obra de Ricoeur importante como caminho para pensar a educação. O problema do reconhecimento, descrito na obra Percurso do reconhecimento nos ajuda a pensar uma demanda pungente que nasce da profissão docente nos dias de hoje: o que significa ser professor? Como seu trabalho pode ser devidamente reconhecido? Acreditamos que a proposta derradeira de Ricoeur de pensar formas de reconhecimento mútuo, que nascem como clareiras e brechas no mundo da luta por reconhecimento, contribui para um pensamento sobre essas perguntas. A língua da escola, como uma forma de mediação simbólica, que nasce da palavra do professor é o índice de reconhecimento mútuo que se dá entre professor e aluno. A palavra do professor, assim como Ricoeur a descreve em seu ensaio La parole est mon royaume, é uma forma de linguagem que se constitui com um outro fundamental em relação ao aluno, para a atualização das capacidades de falar, agir, narrar a própria história e responsabilizar-se por ela, que se constituem como universais nas condições de possibilidade e como individuais em sua contingência e vulnerabilidade. A palavra do professor, como uma forma de gratuidade, é o índice de reconhecimento mútuo que constituem professor e alunos como sujeitos da educação.
Referências
DOSSE, F. Paul Ricoeur: os sentidos de uma vida (1913-2005). São Paulo: Liberars, 2017.
GAGNEBIN, J. M. Lembrar, escrever, esquecer. São Paulo: Editora 34, 2006.
HONNETH, A. Luta por reconhecimento: a gramática moral dos conflitos sociais. São Paulo: Editora 34, 2003.
JERVOLINO, D. El último parcours de Ricoeur. Revista Ágora, Santiago de Compostela, vol. 25, n. 2, p. 207-215, 2006.
MASSCHELEIN, J. SIMONS, M. A língua da escola: alienante ou emancipadora? In: LARROSA, J (org.). Elogio da Escola. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2017.
MASSCHELEIN, J. SIMONS, M. Fazer escola: a voz e a via do professor. In: LARROSA, J (org.). Elogio do Professor. Belo Horizonte: Autêntica, 2021.
RICOEUR, P. La parole est mon royaume. Revista Esprit, Paris, vol. 223, n. 2, p. 192-205, 1955.
RICOEUR, P. Autonomia e vulnerabilidade. In: Leituras 1 – Em torno ao político. São Paulo: Edições Loyola, 1995.
RICOEUR, P. Os paradoxos da Identidade Narrativa. In: Escritos e conferências 3: Antropologia filosófica. São Paulo: Edições Loyola, 2016.
RICOEUR, P. Percurso do reconhecimento. São Paulo: Loyola, 2006.
RICOEUR, P. Da psicanálise à questão do si mesmo. In: A crítica e a convicção. Lisboa: Edições 70, 2009.
RIVAS, M. La lengua de las mariposas. In: ¿Qué Me Quieres, Amor? Madrid: Debolsillho, 2012.
SIMARD, D; KERLAIN, A. Paul Ricoeur et la question éducative. Laval: Université Laval, 2012.
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Revista de Cultura Teológica

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Os autores concedem à revista todos os direitos autorais referentes aos trabalhos publicados. Os conceitos emitidos em artigos assinados são de absoluta e exclusiva responsabilidade de seus autores.