A educação como experiência recíproca de reconhecimento

contribuições da antropologia filosófica ricoeuriana para a filosofia da educação

Autores

  • Geison Amadeu Loschi Universidade de São Paulo
  • José Sérgio Fonseca de Carvalho Universidade de São Paulo

Palavras-chave:

Reconhecimento, Educação, Língua da escola

Resumo

Paul Ricoeur escreveu pouco sobre a educação, mas sua filosofia, ao que nos parece, tem muito a dizer sobre seus principais problemas. A escrita aberta, preocupada com as questões de seu tempo; o debruçar-se sobre antinomias e paradoxos para mover o pensamento; e sua condição de professor, que sempre o impeliu a uma escrita que conduz, são algumas das características que tornam a obra de Ricoeur importante como caminho para pensar a educação. O problema do reconhecimento, descrito na obra Percurso do reconhecimento nos ajuda a pensar uma demanda pungente que nasce da profissão docente nos dias de hoje: o que significa ser professor? Como seu trabalho pode ser devidamente reconhecido? Acreditamos que a proposta derradeira de Ricoeur de pensar formas de reconhecimento mútuo, que nascem como clareiras e brechas no mundo da luta por reconhecimento, contribui para um pensamento sobre essas perguntas. A língua da escola, como uma forma de mediação simbólica, que nasce da palavra do professor é o índice de reconhecimento mútuo que se dá entre professor e aluno. A palavra do professor, assim como Ricoeur a descreve em seu ensaio La parole est mon royaume, é uma forma de linguagem que se constitui com um outro fundamental em relação ao aluno, para a atualização das capacidades de falar, agir, narrar a própria história e responsabilizar-se por ela, que se constituem como universais nas condições de possibilidade e como individuais em sua contingência e vulnerabilidade. A palavra do professor, como uma forma de gratuidade, é o índice de reconhecimento mútuo que constituem professor e alunos como sujeitos da educação.

Biografia do Autor

Geison Amadeu Loschi, Universidade de São Paulo

*Mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP). Contato: loschige@usp.br

José Sérgio Fonseca de Carvalho, Universidade de São Paulo

Doutor em Filosofia da Educação pela Universidade de São Paulo USP. Professor Titular de Filosofia da Educação na Universidade de São Paulo. Contato: jsfcusp@usp.br

Referências

DOSSE, F. Paul Ricoeur: os sentidos de uma vida (1913-2005). São Paulo: Liberars, 2017.

GAGNEBIN, J. M. Lembrar, escrever, esquecer. São Paulo: Editora 34, 2006.

HONNETH, A. Luta por reconhecimento: a gramática moral dos conflitos sociais. São Paulo: Editora 34, 2003.

JERVOLINO, D. El último parcours de Ricoeur. Revista Ágora, Santiago de Compostela, vol. 25, n. 2, p. 207-215, 2006.

MASSCHELEIN, J. SIMONS, M. A língua da escola: alienante ou emancipadora? In: LARROSA, J (org.). Elogio da Escola. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2017.

MASSCHELEIN, J. SIMONS, M. Fazer escola: a voz e a via do professor. In: LARROSA, J (org.). Elogio do Professor. Belo Horizonte: Autêntica, 2021.

RICOEUR, P. La parole est mon royaume. Revista Esprit, Paris, vol. 223, n. 2, p. 192-205, 1955.

RICOEUR, P. Autonomia e vulnerabilidade. In: Leituras 1 – Em torno ao político. São Paulo: Edições Loyola, 1995.

RICOEUR, P. Os paradoxos da Identidade Narrativa. In: Escritos e conferências 3: Antropologia filosófica. São Paulo: Edições Loyola, 2016.

RICOEUR, P. Percurso do reconhecimento. São Paulo: Loyola, 2006.

RICOEUR, P. Da psicanálise à questão do si mesmo. In: A crítica e a convicção. Lisboa: Edições 70, 2009.

RIVAS, M. La lengua de las mariposas. In: ¿Qué Me Quieres, Amor? Madrid: Debolsillho, 2012.

SIMARD, D; KERLAIN, A. Paul Ricoeur et la question éducative. Laval: Université Laval, 2012.

Downloads

Publicado

2025-05-28