A virtude dos limites à eficiência técnica no trabalho artífice
Palavras-chave:
trabalho artífice, limites à eficiência técnica produtiva, novas formas de trabalhoResumo
Este estudo qualitativo teve o objetivo de compreender o trabalho artífice (TA) na atualidade em face à dominação da eficiência técnica no âmbito do trabalho. Foram investigados cinco trabalhadores artesãos. Os resultados indicam que o TA é composto pelas seguintes características: 1) ateliê como espaço de trabalho, 2) a impressão da autoria, 3) qualidade, 4) a manualidade, 5) autonomia e, 6) engajamento substantivo. A principal contribuição desta investigação revela que as características do trabalho artífice são permeadas por “limites” à máxima eficiência técnica produtiva. Esses “limites” constituem a essência desse modo de trabalho e, nesse estudo, são interpretados como uma virtude do modo de produção artífice. O estudo pode indicar possibilidades organizacionais de trabalho que valorizem “limites”, tais como encontrados no campo estudado.
Palavras-chave: Trabalho artífice. Limites à eficiência técnica produtiva. Novas formas de trabalho.
Referências
Adorno, T. W., & Horkheimer, M. (1985) Dialética do esclarecimento: Fragmentos Filosóficos. (Almeida, G.A.de., Trad.) Zahar. (Trabalho original publicado em 1947).
Antunes, R. (2020). O privilégio da servidão: o novo proletariado de serviço na era digital. São Paulo, SP: Boitempo.
Alves, G. (2005). Trabalho, corpo e subjetividade: toyotismo e formas de precariedade no capital global. Trabalho, Educação e Saúde, 3(2),409-428. https://doi.org/10.1590/S1981-77462005000200009
Apolinário, V. (2016). Análise do toyotismo e dos seus princípios racionalizantes aplicados à gestão de produção e do trabalho. Revista Interface,13(2), 5-19. https://ojs.ccsa.ufrn.br/index.php/interface/article/download/726/771
Batista, A. (2014). Processos de trabalho: da manufatura à maquinaria moderna. Serviço Social & Sociedade, (118), 209-238. https://doi.org/10.1590/S0101-66282014000200002
Braverman, H. (1981). Trabalho e capital monopolista. Rio de Janeiro: Zahar.
Brüseke, F. J. (1998). A crítica da técnica moderna. Estudos Sociedade e Agricultura, 10, 5-55. https://revistaesa.com/ojs/index.php/esa/article/view/123
Dejours, C. (2012). Uma nova visão do sofrimento humano nas organizações. In J-F., Chanlat (Org.), O indivíduo na organização: dimensões esquecidas. São Paulo: Atlas.
Ellul, J. (1968). A técnica e o desafio do século. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
Fayol, H. (1990). Administração Industrial e Geral: Previsão, Organização, Comando, Coordenação, Controle (10ª ed.). São Paulo: Atlas.
Flick, U. (2009). Introdução à pesquisa qualitativa (3a ed.). Porto Alegre, RS: Artmed.
Gaulejac, V. (2007). Gestão como doença social: ideologia, poder gerencialista e fragmentação social. (Storniolo,I., Trad.). São Paulo: Ideias & Letras.
Giuffrida, A. (2017, 1 de abril). How the return of traditional skills is boosting Italy's economy. The Guardian. Recuperado de https://www.theguardian.com/world/2017/apr/01/brioni-traditional-skills-italy-small-business
Guerreiro-Ramos, A. (1989). A Nova ciência das organizações: uma reconceituação da riqueza das nações. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas.
Graeber, D. (2018). Bullshit Jobs: A Theory. Nova York: Simon & Schuster.
Grande, M. M., Padilha, V., Pain, B. F., & Florian, F.J. (2012). Da tradição à modernidade: o savoir-faire do mestre de ofício na produção da cerveja e da cachaça artesanais. Revista Interdisciplinar de Gestão Social, 1(3). https://doi.org/10.9771/23172428rigs.v1i3.10052
Guimarães. M. C. (2010). Ser ou não ser um artífice: uma questão para a saúde do trabalhador? Revista Brasileira de Saúde Ocupacional. 35(121), 176-178. https://doi.org/10.1590/S0303-76572010000100019
Hernandes, C. A. (2016). A Organização do Trabalho Artesanal e a Questão do Não-Crescimento. (Tese de doutorado). Universidade Positivo. Curitiba, PR.
Hobsbawm, E. J. (1962). A era das revoluções. São Paulo: Paz e Terra
Horkheimer, M. (1969). Kritische Theorie – Gestern und Heute. Frankfurt: Athenäum
Illich, I. (1976). A convivencialidade. Lisboa: Publicações Europa-América.
Landes, D. S. (2005). Prometeu Desacorrentado: Transformação Tecnológica e Desenvolvimento Industrial na Europa Ocidental, de 1750 até a nossa época. Rio de Janeiro: Campus
Latouche, S. (2009). Pequeno Tratado do Decrescimento Sereno. São Paulo: Martim Fontes.
Legard, R., Keegan, J.,& Ward, K. (2003). In-depth interviews. In J. Richie & J. Lewis (Eds.), Qualitative research practice: A guide for social science students and researchers (pp. 138-169). London: SAGE.
Leite, M. P. (1994). O Futuro do Trabalho: Novas Tecnologias e Subjetividade Operária. São Paulo: Scritta.
Love, E. (2017, 15 de abril). Cutting edge: the young artisans making homewares in ancient ways. The Guardian. Recuperado de https://www.theguardian.com/lifeandstyle/2017/apr/15/cutting-edge-young-artisans-homewares-ancient-ways
Marx, K. (1996). O Capital: crítica da economia política. Livro primeiro: o processo de produção do capital. In Singer, P. (coord.). (Barbosa, R., & Kotle, F.R., Trad.). São Paulo: Nova Cultural.
Miles, M., & Huberman, A. (1994). Qualitative data analysis: an expanded sourcebook. Thousand Oaks, CA: Sage Publications.
Minayo, M. C. S. (2009). Pesquisa social: teoria, método e criatividade (28ª. ed.) Petrópolis: Vozes.
Neto, B. M. R (1989). Marx, Taylor, Ford: As Forças Produtivas em Discussão. São Paulo: Brasiliense.
Paes de Paula, A. (2002). Tragtenberg revisitado: as inexoráveis harmonias administrativas e as burocracias flexíveis. Revista de Administração Pública, 36(1), 127-144. https://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/view/6431
Rugiu, A. S. (1998). Nostalgia do Mestre Artesão. Campinas, SP: Autores associados.
Schumacher, E. F. (1977). O Negócio é Ser Pequeno. (Alves Filho,O., Trad.). Rio de Janeiro: Zahar
Sennett, R. (2009). O Artífice. Rio de Janeiro: Record.
Sennett, R. (1999). A corrosão caráter: consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record.
Steinberg, M.(2021). From Automobile Capitalism to Platform Capitalism: Toyotism as a prehistory of digital platforms. Organization Studies,00(0), 1–22. https://doi.org/10.1177/01708406211030681
Taylor, F. W. (1970). Princípios de Administração Científica.(Ramos, A.V., Trad.): São Paulo: Atlas.
Trivinos, A. N. S. (1987). Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo, SP: Atlas.
Vizeu, F. (2010). (Re)contando a velha história: reflexões sobre a gênese do management. Revista de Administração Contemporânea,14(5).780-797. https://doi.org/10.1590/S1415-65552010000500002
Weber, M. (2004). Economia e Sociedade. (Vol. 2). São Paulo: UnB.
Wolff, R.P., Moore, B. Jr., & Marcuse, H. (1965). A Critique of Pure Tolerance. Boston: Beacon Press
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Laira Gonçalves Adversi, Luis Henrique Benites, Rene Eugenio Seifert

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.