A Fonte, a Palavra e a Água
uma leitura de "A terceira margem do rio", de Guimarães Rosa, a partir de Tertuliano
Palavras-chave:
Literatura e Espaço, Fantástico, Exegese, Teologia, Literatura BrasileiraResumo
Este ensaio aborda o conto “A terceira margem do rio”, de João Guimarães Rosa, à luz da perspectiva simbólica e teológica de Tertuliano de Cartago, exegeta que viveu entre os séculos II e III. Explorando a centralidade que a água adquire no conto roseano, analisa-se seu aspecto transcendental na narrativa a partir de uma associação com sua função mediadora entre o terreno e o espiritual na tradição cristã. O estudo destaca as tríades presentes no texto, como rio/pai/filho, relacionando-as ao pensamento de Tertuliano acerca da natureza da Santíssima Trindade. O pai, figura enigmática e mitificada, é comparado ao Criador; o filho, narrador e intérprete frustrado, reflete a trajetória de Jesus Cristo; enquanto o rio, como símbolo do Espírito Santo, atua como conexão entre ambos em um espaço de transcendência. Valendo-se da reflexão de Tertuliano sobre a água como veículo de ação sobrenatural, o ensaio sugere uma forma de representação do rio de Rosa como um canal para o extraordinário. Assim, propõe-se uma leitura que combina elementos literários e teológicos, evidenciando a riqueza interpretativa da obra de Rosa e sua ampla capacidade dialógica.
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